Essa GLO acontece com ênfase no mar e nos portos e sua abrangência está delimitada pelo Decreto 11.765, assinado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva na última quinta-feira (1º). Os militares poderão atuar com viés preventivo e repressivo nos portos do Rio de Janeiro, de Itaguaí (RJ) e de Santos (SP), e também nos aeroportos internacionais de Guarulhos (SP) e do Galeão (RJ). O principal objetivo é apoiar ações de combate ao tráfico de armas, drogas e outros crimes.
Essa GLO foi decretada após episódios marcantes envolvendo a segurança pública no Rio de Janeiro. No início do mês passado, operações das polícias civil e militar tiveram como alvo lideranças do Comando Vermelho. Investigações apontaram que a facção de traficantes estaria envolvida na execução de três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca. As vítimas teriam sido mortas por engano, pois uma delas foi confundida com um miliciano.
Além disso, no mês passado, armas furtadas do Exército foram encontradas na capital fluminense. E há duas semanas, 35 ônibus e um trem foram incendiados na zona oeste da cidade após um miliciano morrer durante confronto com policiais.
A Marinha atuará nessa missão por meio da operação Lais de Guia, que permitirá o emprego de tropas em ações específicas. A patrulha da Marinha na Baía de Guanabara não alcançará a costa do Complexo da Maré, comunidade que foi um dos principais focos das recentes operações das polícias contra lideranças do Comando Vermelho. No entanto, o vice-almirante afirmou que eventuais movimentações de criminosos serão detectadas na área de atuação, que abrange o cais, os armazéns e algumas áreas do espelho d’água na Poligonal do Porto Organizado.
A missão também inclui o Porto de Santos, devido à interligação entre o crime organizado que atua nesse porto e no Porto do Rio de Janeiro, por onde passa boa parte do comércio marítimo.
As GLOs conferem às Forças Armadas a autonomia necessária para atuar com poder de polícia em área previamente definida. Desde 1992, já foram realizadas 145 missões desse tipo no país, a maioria voltada para preservação da segurança pública em situações específicas.
A atuação da Marinha nessa missão ocorrerá até 3 de maio de 2024 e não interfere na atuação das forças de segurança dos estados. Foi instalado um comitê de acompanhamento das ações de segurança, coordenado pelos ministros da Justiça e da Defesa.
A Marinha atuará de forma articulada com todos os atores que têm participação nos portos do Rio de Janeiro, de Itaguaí e de Santos, incluindo a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários e a Receita Federal. No primeiro dia da operação, já houve uma reunião de articulação das ações e os principais portões dos portos já foram ocupados.