BRASIL – MPF pede detalhes ao governo do Amazonas sobre ações contra queimadas e incêndios florestais nos últimos dois anos.

O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação na Justiça Federal pedindo que o governo do Amazonas detalhe as ações tomadas desde 2019 para combater as queimadas e os incêndios florestais. O pedido ocorre após a capital Manaus enfrentar uma nuvem de fumaça que cobriu a cidade em outubro, afetando a qualidade do ar.

O MPF quer que o governo apresente documentos e provas demonstrando que não houve omissão e que as medidas adotadas foram suficientes para lidar com os fenômenos climáticos. Segundo a instituição, o conhecimento dessas informações é necessário para o exercício de suas funções institucionais, especialmente na defesa do meio ambiente.

A ação foi apresentada na terça-feira (7) e dá um prazo de cinco dias úteis, após a citação, para que o governo estadual apresente os documentos ou contestação. O MPF informou que acompanha há dois anos as políticas estaduais relacionadas ao desmatamento e às queimadas no Amazonas.

Segundo o órgão, o governo precisa demonstrar que suas políticas não devem levar à responsabilização do Estado pelos danos ambientais e climáticos derivados da poluição atmosférica que atingiu níveis alarmantes a partir de outubro de 2023. O Ministério Público destaca a importância do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas do Amazonas.

No pedido, o MPF ressalta que o governo estadual reconhece que a média de execução do Plano de PPCDQ 2020-2022 foi de apenas 43% e que menos da metade das ações planejadas foram devidamente executadas. Além disso, o MPF argumenta que não há evidências de que as medidas adotadas para a prevenção, controle e combate às queimadas no estado foram suficientes e adequadas.

Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que nas áreas mais afetadas pelo fogo na Amazônia, o número de crianças internadas com problemas respiratórios dobrou e o número de mortes infantis por essas doenças cresceu em cinco dos nove estados da Amazônia Legal. O MPF destacou ainda que a população de Manaus sofre com sintomas causados pela fumaça, como ardência nos olhos, falta de ar e cansaço.

A ação do MPF reconhece que o cenário de mudança climática foi agravado com o fenômeno do El Niño, que potencializou seus efeitos com a ocorrência de eventos climáticos extremos. O órgão também citou uma fala do governador atribuindo a causa da nuvem de fumaça às queimadas em outros estados, especialmente no Pará. Apesar disso, o MPF afirma que, segundo especialistas, não existe fogo natural na Amazônia, sendo o desmatamento o principal vetor dos incêndios na região.

A Agência Brasil tentou entrar em contato com a Secretaria Estadual de Comunicação do Amazonas, mas, até o momento, não obteve retorno.

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