O evento, que ocorre em Brasília até a terça-feira (14), reúne centenas de autoridades, diplomatas e especialistas internacionais nas áreas de desenvolvimento social e sustentável. Dentre os participantes, estão ex-chefes de Estado como os ex-presidente da Eslovênia e diretor do Club de Paris, Danilo Turk, e os ex-presidentes do Chile Sebastian Piñera e Michelle Bachellet.
Durante a abertura do encontro, Sônia Guajajara destacou o papel crucial dos povos originários na preservação da biodiversidade, ressaltando a importância da proteção dos territórios indígenas. Ela também frisou que a aprovação da tese do marco temporal representaria um grave retrocesso nos direitos indígenas e na proteção dos territórios.
A tese do marco temporal, aprovada pelo Congresso em setembro, estabelece que os povos indígenas só têm direito à demarcação sobre terras que ocupavam ou reivindicavam até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. Apesar de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter considerado a tese inconstitucional, o Congresso aprovou a medida. Lula vetou a iniciativa, mas o veto encontra-se sob ameaça de ser derrubado.
A análise do tema estava marcada para 9 de novembro, mas foi adiada devido às incertezas em relação à derrubada ou não do veto. A nova data para a apreciação do assunto pelos parlamentares está marcada para 23 de novembro. Apesar das incertezas, a bancada ruralista calcula ter votos suficientes para derrubar o veto.
Além disso, durante o encontro, o chanceler Mauro Vieira reiterou a responsabilidade dos países ricos pelas emissões de gases que levam à crise climática. Ele destacou o compromisso desses países em destinar US$ 100 bilhões anuais para projetos de desenvolvimento sustentável em países mais pobres, incluindo iniciativas na Amazônia. Lula já havia mencionado em agosto que os países ricos não têm cumprido essa promessa feita em 2009.
O ministro das Relações Exteriores também falou sobre a situação na Faixa de Gaza, reafirmando o compromisso do Brasil com um cessar-fogo imediato. Ele mencionou a falta de aprovação em tempo hábil pelo Conselho de Segurança da ONU de uma resolução que protegesse civis no conflito com Israel, ressaltando a necessidade de reformar o colegiado.