Foi um projeto da elite agrária cafeeira e dos militares que voltaram vitoriosos da Guerra do Paraguai. A junção dessas elites, que acionam o Marechal Deodoro para a Proclamação da República, acaba excluindo boa parte da população brasileira.
A Proclamação da República foi liderada por três forças: uma parcela do Exército, fazendeiros do oeste paulista e representantes das classes médias urbanas. Foi um processo marcado por mudanças na estrutura política, econômica e social do Império, enfraquecendo-o.
Apesar da hegemonia branca e masculina, houve protagonismo de um homem negro, o jornalista e vereador José do Patrocínio, que tomou a iniciativa de ler uma moção pública abolindo a monarquia na Câmara Municipal do Rio de Janeiro no dia 15 de novembro.
Contudo, no que diz respeito ao centro das decisões políticas posteriores, predominaram as mesmas configurações raciais e de gênero que norteavam os rumos da monarquia no período anterior. As mulheres foram excluídas do voto na Constituição de 1891, e outras leis também hierarquizaram os direitos políticos e civis, atingindo especialmente negros e pobres.
Passados 134 anos da Proclamação da República, a data é vista como mais que uma celebração, mas uma oportunidade para refletir sobre os desafios atuais para tornar o país mais democrático e diverso. É necessário passar por uma transformação no sistema de justiça, ter políticas públicas para populações negras, democratizar o sistema de ensino e ampliar a participação das pessoas negras nos espaços de poder no Brasil.
Assim, mesmo após mais de um século da Proclamação da República, o país ainda enfrenta desafios para completar uma obra republicana nos motes de uma sociedade desenvolvida, civilizada e democrática.