O projeto de lei que trata dos fundos exclusivos, que requerem um investimento mínimo de R$ 10 milhões, e das offshores, que são empresas no exterior que administram fundos de investimentos, faz parte da estratégia do governo federal de aumentar a arrecadação de impostos, aumentando os tributos dos mais ricos do país. Estima-se que a mudança gere uma arrecadação de R$ 13 bilhões somente em 2024.
Atualmente, esses fundos só pagam Imposto de Renda na hora de sacar o dinheiro, enquanto os demais fundos do país pagam imposto todo semestre, cobrança conhecida como “come-cotas”. Pelo projeto aprovado, as regras dos fundos exclusivos serão igualadas às dos demais fundos, e os super-ricos pagarão o come-cotas a partir de 2024, com alíquotas de 15% sobre o rendimento para fundos de longo prazo e 20% para investimentos de até 1 ano, sendo tributados a cada 6 meses.
Porém, quem optar por começar a pagar a alíquota neste ano ganha um desconto, pagando apenas 8% sobre o rendimento, contra os 15% ou 20% de quem não aderir à antecipação. Atualmente, apenas 2,5 mil brasileiros aplicam em fundos exclusivos, que somam R$ 756 bilhões em patrimônio e representam 12,3% da indústria de fundos do Brasil.
Em relação aos fundos offshores, muito usados por investidores super-ricos, o projeto prevê uma cobrança anual de 15% de IR a partir de 2024. A tributação será feita uma vez ao ano, no dia 31 de dezembro. Atualmente, quem tem dinheiro em offshore só paga 15% de IR sobre o ganho de capital quando e se o dinheiro voltar ao Brasil.
A CAE também aprovou que os serviços de streaming, como Youtube, Instagram e Netflix, deverão pagar uma taxa para o incentivo da indústria de audiovisual brasileira. O percentual a ser pago pelas plataformas será de até 3% sobre a receita bruta, acima de R$ 90 milhões. Atualmente, a taxa já é paga pelas TV aberta, TV por assinatura, cinemas e operadoras de celular e internet.
Se produzirem conteúdo nacional, os serviços de streaming poderão ter um abate de impostos. A proposta está prevista para passar por turno suplementar de votação na comissão e seguir para a Câmara dos Deputados.
A comissão também aprovou a regulamentação das apostas esportivas online de cota fixa, conhecidas como bets. Pelo projeto de lei, o apostador pagará 30% de Imposto de Renda sobre a parcela dos prêmios que exceder a faixa de isenção. Já as empresas do setor ficarão com 82% do faturamento bruto, descontado o pagamento de prêmios e imposto de renda, e não mais com 95%, como prevê a Lei 13.756/18. Com a regulamentação, o governo federal estima reforçar o caixa em R$ 700 milhões em 2024. Se o Plenário do Senado modificar o texto, o projeto retornará à votação na Câmara dos Deputados.