BRASIL – Lideranças indígenas da etnia guarani kaiowá encerram encontro com denúncias de violência e ameaças por parte de fazendeiros em Mato Grosso do Sul.

Lideranças indígenas da etnia guarani kaiowá se reuniram em um encontro no Mato Grosso do Sul para discutir diversos problemas vividos nas aldeias, como saúde, educação, demarcação de terras e violência praticada por fazendeiros contra a população. O encontro, organizado pela Aty Guasu, resultou em um documento com demandas a serem apresentadas às autoridades.

A assembleia focou no debate sobre o que falta nas aldeias, além da demarcação de terras. Uma comunicadora da entidade, Sally Ñhandeva, destacou que a Aty Guasu é uma organização que existe desde 1970 e é a grande assembleia do povo Guarani Kaiowá e Guarani Nhandeva. Ela ressaltou que o povo Guarani Kaiowá é o que mais sofre e o que mais luta pelo território, denunciando a falta de proteção no estado e colocando as demandas no papel para entregar às autoridades. A principal reivindicação é a homologação de terras e demarcações.

Durante o encontro, dois documentaristas não indígenas que estavam preparando um filme sobre a situação dos guarani sentiram na pele a violência praticada contra os indígenas da região. O jornalista canadense Renaud Philippe e sua esposa, a antropóloga brasileira Ana Carolina Mira Porto, foram agredidos e ameaçados por fazendeiros da região após participarem da assembleia promovida pela Aty Guasu.

Após ouvirem relatos sobre o desaparecimento de dois indígenas, Renaud e Ana decidiram ir até uma aldeia para filmar, mas no caminho foram abordados por policiais que estavam apenas patrulhando a região. Mais tarde, ao tentarem prosseguir, foram bloqueados por dezenas de homens encapuzados e armados. Os documentaristas foram agredidos e ameaçados de morte caso não deixassem a região no mesmo dia.

O fato ocorreu em contexto de disputa de terras envolvendo comunidades indígenas e, por isso, a investigação ficou a cargo da Polícia Federal. O Ministério dos Povos Indígenas repudiou o ataque e solicitou apoio à Força Nacional para garantir a segurança dos profissionais.

A ministra Sonia Guajajara lamentou o ataque e reforçou a importância de coibir a violência, destacando a tentativa diária de intimidar os registros do cenário das comunidades indígenas no país. O Ministério dos Povos Indígenas acionará outros órgãos do governo para garantir a segurança dos profissionais.

Botão Voltar ao topo