BRASIL – Relatório aponta que Brasil não está preparado para enfrentar mudanças climáticas antes da COP28 em Dubai.

Relatório aponta despreparo do Brasil para enfrentar mudanças climáticas

Um recente relatório divulgado pelo Instituto Talanoa, uma organização civil independente, revelou que o Brasil não está preparado para enfrentar as mudanças climáticas. O documento, intitulado Política Climática por Inteiro, aponta que apesar de avanços em áreas como a redução de 22% do desmatamento da Amazônia em 2023, o país enfrenta desafios imensos em áreas como transição energética e agricultura.

O relatório foi entregue aos ministros da Fazenda, Fernando Haddad; de Minas e Energia, Alexandre Silveira; e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e também será compartilhado com o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e com parlamentares da Câmara e do Senado Federal, de acordo com os especialistas.

A presidente do Instituto Talanoa, Natalie Unterstell, afirmou em entrevista à Agência Brasil que “o desmatamento é um defeito nacional e precisamos acabar com ele, para o nosso bem, mas isso não resolve. A gente precisa de uma indústria de baixo carbono, resolver a questão da transição energética e da agricultura, que hoje é o segundo maior setor emissor”.

O relatório indica que antes da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (COP28), o Brasil ainda tem muito a fazer para cumprir os compromissos climáticos com o Acordo de Paris, tratado internacional que resultou da COP21, em 2015, na capital francesa.

De acordo com o documento, foram identificados 17 avanços considerados firmes, oito iniciais, 15 áreas sem progresso e uma área com retrocesso no que se refere a políticas públicas e mudança do clima no Brasil em 2023. Para Unterstell, o controle do desmatamento na Amazônia e a criação do mercado regulado de carbono são dois pontos principais de evolução no caminho da redução de emissões.

O relatório destacou o crescimento de 86% nas ações de fiscalização ambiental, além da elevação de 49,5% do orçamento autorizado para fiscalização ambiental. No entanto, alguns aspectos precisam melhorar, como a governança inclusiva e participativa, a adaptação da política de saúde pública aos impactos climáticos e a consideração de riscos climáticos nos investimentos do PAC.

Para Natalie Unterstell, as ações transversais com envolvimento de diversos órgãos do governo são importantes, mas é preciso que entrem em prática. “Estamos vendo o início desse transbordamento [transversalidade] e é por isso que esse relatório é muito enfático de que tem que avançar para realmente construir políticas, porque senão fica só no discurso”, afirmou.

O Brasil precisará corrigir o rumo para cumprir as metas climáticas apresentadas no Acordo de Paris, especialmente com as várias ocorrências de desastres climáticos que acontecem no mundo. O país será presidirá a COP 30, quando novas metas climáticas devem ser apresentadas por todos os países.

Apesar dos desafios apontados pelo relatório, o Brasil já tem em curso ações de descarbonização, com o objetivo de reduzir o desmatamento na Amazônia Legal quase à quarta parte até 2027. No entanto, será necessário criar uma cadeia produtiva que inclua de sementes e mudas a logística e mão-de-obra para atingir as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.

Em suma, o relatório indica que o Brasil ainda tem muito a fazer para cumprir suas metas climáticas e que é urgente agir diante das mudanças climáticas globais. A presidência da COP 30 será uma oportunidade importante para o país mostrar seu comprometimento com a redução das emissões de gases de efeito estufa e com a proteção do meio ambiente.

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