BRASIL – Presidente do STF reverte decisão e determina prosseguimento da retirada de invasores da Terra Indígena Apyterewa no Pará

Em uma reviravolta no caso envolvendo a Terra Indígena Apyterewa, localizada em São Félix do Xingú, no Pará, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, determinou o prosseguimento da retirada de invasores, revertingo a decisão do ministro Nunes Marques. Este havia decidido pela suspensão da retirada dos intrusos, atendendo a pedidos de associações de produtores rurais da região, permitindo o “livre trânsito” dos “colonos” na área.

Contudo, a Advocacia-Geral da União (AGU) alertou Barroso sobre a decisão de Nunes Marques, levando o ministro a proferir uma nova decisão, determinando que a União prossiga com as operações previstas no plano de desintrusão da TI Apyterewa. Barroso é relator de uma ação aberta pela Associação do Povos Indígenas do Brasil (Apib) e foi responsável por determinar a elaboração e a execução do Plano de Desintrusão das Terras Indígenas Apyterewa e Trincheira Bacajá. Segundo o ministro, a ordem para a execução do plano não deveria estar sujeita a decisão revisional de outro ministro, reafirmando a necessidade da reintegração.

A situação na região não se restringe apenas a questões judiciais. Desde o início da operação de desintrusão das terras indígenas Apyterewa e Trincheira Bacajá, o governo federal tem realizado apreensões de agrotóxicos, madeira ilegal, armas de fogo, drogas e gado criado de forma ilegal. Além disso, a Polícia Federal prendeu o presidente de uma associação de trabalhadores rurais acusado de incentivar a invasão das áreas indígenas.

A operação, que entrou em sua segunda fase no início de novembro, visa não apenas a retirada de pessoas que estão irregularmente dentro dos territórios tradicionais, mas também o combate a atividades ilegais, como extração de madeira e garimpo. Estima-se que mais de 3 mil invasores estejam presentes na região, o que torna a situação ainda mais complexa.

Dessa forma, a determinação de Barroso demonstra a continuidade da luta pelo respeito aos territórios indígenas e a proteção das comunidades tradicionais, em meio a um cenário de tensões e conflitos que envolvem interesses econômicos e sociais. A decisão do STF traz à tona a importância do respeito aos direitos indígenas, em um contexto onde a preservação ambiental e a proteção das populações tradicionais se tornam temas centrais de debates e embates políticos.

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