O professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Williams Gonçalves, acredita que a guerra é uma possibilidade real, destacando que não se trata apenas de uma disputa por território, mas sim pela riqueza em petróleo que existe na região. Ele ainda aponta que Maduro busca fortalecer sua posição política interna para as eleições de 2024 mexendo neste assunto que é a favor inclusive da oposição.
Enquanto isso, a Guiana tem vivenciado um boom econômico devido à descoberta de reservas de petróleo e gás natural, o que tem atraído o interesse dos Estados Unidos. Por outro lado, a Venezuela tem relações sólidas com Rússia e China, o que potencializa a possibilidade de uma internacionalização do conflito.
Porém, para a professora de geopolítica da Escola Superior de Guerra (ESG), Mariana Kalil, uma guerra é improvável, já que a Venezuela estaria atendendo a interesses políticos internos e uma ofensiva militar traria custos elevados para as relações internacionais. Ela explica que mudanças políticas e econômicas na Guiana alimentaram a desconfiança do governo venezuelano e também o discurso de interferência dos Estados Unidos na América Latina.
Com o acirramento das tensões na América do Sul, o papel do Brasil como mediador também é destacado. Tanto Mariana Kalil quanto o professor William Gonçalves acreditam que o Brasil tem credibilidade com o regime bolivariano e capacidade de encontrar soluções para a crise. O Ministério da Defesa brasileiro informou que tem intensificado suas ações na fronteira com o aumento da presença de militares na região, enquanto o Ministério das Relações Exteriores defende uma solução pacífica para a controvérsia entre Venezuela e Guiana.