BRASIL – Acordo Mercosul-União Europeia: representantes da sociedade civil criticam neocolonialismo e defendem negociações em novas bases.

A Cúpula Social do Mercosul iniciou nesta segunda-feira (4) com críticas contundentes ao acordo firmado entre o bloco sul-americano e a União Europeia. Representantes da sociedade civil presentes no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, classificaram o acordo como neocolonial, injusto e desigual, argumentando que favorece uma hierarquia nas relações entre sul-americanos e europeus, prejudicando os países latino-americanos.

Durante a mesa de debates da cúpula, Raiara Pires, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), defendeu o encerramento das atuais negociações e a construção de um novo acordo em bases diferentes, que leve em consideração a unidade de saberes populares e acadêmicos, permitindo um desenvolvimento mais equitativo entre as nações. Segundo Raiara, um ano é insuficiente para revisar o acordo inicial, e um recomeço seria estratégico diante da desigualdade de relação de forças.

Adhemar Mineiro, da Rede Brasileira de Integração dos Povos (Rebrip), compartilha do mesmo pensamento, afirmando que o acordo atual inviabiliza a integração dos povos sul-americanos, e propõe começar do zero, em vez de tentar apenas uma política de redução de danos. Ele destacou a necessidade de acordos em novas bases, que priorizem temas como a solidariedade entre os povos e a sustentabilidade, ao invés de fortalecer a característica primária-exportadora das economias da América do Sul.

O secretário executivo adjunto da Secretaria-Geral da Presidência, Flávio Schuch, celebrou a retomada do Mercosul Social, afirmando que é preciso ampliar os debates sobre temas que afetam os governos e povos da América do Sul, e que a participação da sociedade civil é fundamental para decisões relacionadas ao acordo do Mercosul com a União Europeia.

O embaixador Philip Fox-Drummond Gough, Diretor do Departamento de Política Econômica, Financeira e de Serviços, do Ministério das Relações Exteriores, detalhou pontos sensíveis para o governo brasileiro nas negociações com a União Europeia, como o uso de mecanismos para o monitoramento de desmatamento e a exclusão de setores como o de tecnologias de rede do acordo.

Diante da repercussão crítica do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, a Cúpula Social do Mercosul continuará debatendo possíveis alternativas e o papel da sociedade civil nas negociações internacionais. A retomada da participação efetiva da sociedade é vista como crucial para o estabelecimento de um acordo mais equitativo entre os blocos econômicos.

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