BRASIL – Consulta pública investiga responsabilidade do Banco do Brasil na escravidão: MPF busca manifestações da sociedade para definir ações de reparação.

O Ministério Público Federal (MPF) está investigando a responsabilidade do Banco do Brasil (BB) na escravidão no país e abriu uma consulta pública para que pessoas, entidades e movimentos sociais possam se manifestar sobre o inquérito. O objetivo é coletar propostas de reparação a serem adotadas pela instituição financeira.

A população terá um prazo de 60 dias para enviar suas sugestões, que podem ser encaminhadas por e-mail ou diretamente no protocolo do MPF. O inquérito foi aberto em setembro deste ano, a pedido de um grupo de professores universitários, para investigar o papel do banco estatal no tráfico de pessoas escravizadas durante o século XIX.

Em resposta às investigações, o Banco do Brasil publicou um comunicado expressando um pedido de perdão ao povo negro por seu passado. Na nota, a instituição reconhece que toda a sociedade brasileira deveria se desculpar por algum tipo de participação na escravidão e destaca que está trabalhando para enfrentar o racismo estrutural no país.

Além do pedido de perdão, o banco anunciou uma série de ações afirmativas, como a valorização de servidores negros, o financiamento de instituições do movimento de mulheres negras, o fomento à diversidade na mão de obra dos fornecedores e o apoio a eventos da cultura negra.

Apesar das medidas anunciadas pelo banco, o MPF considera que o pedido de perdão e as ações afirmativas não são suficientes. O órgão sugere que o BB crie uma plataforma de pesquisas sobre o tema, financie iniciativas de histórias públicas e material didático de ampla divulgação, além de fazer um tratamento adequado de sua história oficial.

O MPF também destaca que, apesar de ser presidido pela primeira vez por uma mulher negra, a maioria do quadro de lideranças do banco ainda é formada por pessoas brancas. Por isso, é importante, segundo o órgão, que o BB adote processos internos que lidem com essa situação.

Diante disso, o MPF decidiu abrir uma consulta pública para que a sociedade brasileira possa discutir um plano de reparação. Além disso, o banco terá um prazo de 20 dias para apresentar respostas para questões pendentes no inquérito e está marcada uma reunião com a direção executiva do banco em Brasília.

Em nota, o Banco do Brasil informou que já confirmou sua participação na reunião com o MPF, reafirmando seu compromisso com o combate ao racismo e a prioridade que o assunto assume na organização. O BB afirmou ainda que vem implementando um amplo conjunto de medidas concretas pela igualdade racial, de gênero e em prol da diversidade.

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