Os resultados do Pisa mostraram que houve uma queda sem precedentes do desempenho dos estudantes em matemática e em leitura em 2022, na comparação com a última avaliação, em 2018. Os especialistas apontam que a pandemia de covid-19 teve impacto na educação dos jovens durante esse período, devido ao fechamento das escolas e adoção de aulas online. No entanto, a pandemia não pode ser apontada como a única causa para o desempenho inferior dos alunos.
No Brasil, menos de 50% dos alunos conseguiram o nível mínimo de aprendizado em matemática e ciências, apesar de o país ter mantido uma pontuação estável entre 2018 e 2022. Aplicado a cada três anos, o Pisa avalia os conhecimentos dos estudantes de 15 anos de idade em matemática, ciências e leitura. No total, 690 mil estudantes de 81 países fizeram os testes, e no Brasil, 10.798 alunos de 599 escolas passaram pela avaliação. Na edição de 2022, o foco foi em matemática.
Segundo o diretor fundador do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), Ernesto Faria, apesar dos resultados ruins, o Brasil teve um desempenho melhor do que o esperado. Ele ressaltou que o país conseguiu garantir que os alunos desenvolvessem certas habilidades básicas, mesmo que longe do ideal.
O desempenho dos estudantes brasileiros foi avaliado como especialmente preocupante na área de matemática. Apenas 27% dos alunos alcançaram o nível 2 de proficiência em matemática, enquanto a média dos países da OCDE na disciplina é 69%. Apenas 1% dos estudantes no país conseguiram os níveis 5 ou 6, considerados os mais altos.
Os especialistas concordam que um dos grandes desafios para a educação no Brasil é a valorização e formação dos professores, assim como o investimento adequado em educação. Para o professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Daniel Cara, o país tem potencial para alcançar patamares próximos aos de países ricos no Pisa, caso haja interesse político e investimento adequado em educação. Ele ressaltou que o Brasil tem mostrado respostas rápidas a políticas públicas, e que se o país cumprisse as metas estabelecidas no Plano Nacional de Educação (PNE), teria resultados mais positivos no Pisa.
Segundo os especialistas, é fundamental que o país estruture melhor as escolas, valorize os profissionais da educação com remuneração adequada, e promova uma formação continuada para os professores. A expectativa é de que, com investimentos adequados, o Brasil possa alcançar resultados significativamente melhores nos próximos ciclos de avaliação do Pisa.