Os especialistas presentes enfatizam a ineficácia dos tratamentos manicomiais e ressaltam a necessidade de uma abordagem baseada no cuidado em liberdade. A coordenadora adjunta do evento, Marisa Helena Alves, ressaltou a importância do tratamento em liberdade, afirmando que “a loucura é tratável” e que as pessoas com transtornos mentais podem ser acolhidas e têm potencial e capacidade para trabalhar.
Além disso, Marisa explicou que a saúde mental envolve o completo bem-estar, incluindo elementos como qualidade de vida, moradia, empregabilidade e bem-estar social. Ela destacou que o cuidado em liberdade oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é fundamental nesse processo.
A conferência busca elaborar propostas para a Política Nacional de Saúde Mental, considerando o momento de retomada e reorganização dessa política após anos de descaso e 13 anos sem o encontro. A ampliação do Departamento de Saúde Mental para incluir questões relacionadas ao álcool e drogas também foi destacada, considerando os desafios enfrentados pela política a ser implementada.
Esses desafios incluem o aprimoramento dos atendimentos nas redes e centros de Atenção Psicossocial, a retirada de estigmas excludentes e o ranço histórico que associam a loucura ao perigo, e a garantia dos direitos das pessoas com transtornos mentais. A necessidade de investimentos e a criação de serviços para o atendimento local nas situações de crise também foram ressaltadas.
A usuária do SUS Saúde Mental, Helisleide Bomfim dos Santos, defendeu não apenas os cuidados em liberdade, mas também a regionalização do tratamento, com redes psicossociais locais para atendimentos emergenciais, visando evitar longos deslocamentos para pessoas que se encontram nessa situação. Ela enfatizou a importância do autocuidado, amor-próprio e da autoestima como elementos colaborativos para a eficiência dos tratamentos, desde que em liberdade.
Em relação aos profissionais de saúde, Helisleide ressaltou a importância de políticas públicas voltadas para eles, considerando a rotina complicada e o alto índice de adoecimento mental entre esses profissionais. Em suma, a conferência busca promover uma reforma psiquiátrica que priorize o cuidado em liberdade e respeite os direitos das pessoas com transtornos mentais.