BRASIL – Prefeitura do Rio de Janeiro é criticada por falta de investimento em políticas de igualdade racial, aponta relatório da Câmara Municipal

Relatório denuncia falta de investimento em políticas de igualdade racial pela prefeitura do Rio de Janeiro
Um relatório produzido pela Comissão Especial de Combate ao Racismo (Cecor), da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, apontou que a prefeitura não tem investido adequadamente em políticas de igualdade racial. O documento aponta que o que existe hoje é mais retórica do que um mapeamento preciso com indicadores do problema na cidade. Além disso, o relatório critica a ausência de programas específicos para a população negra nas peças orçamentárias do Executivo municipal.

O relatório foi entregue ao prefeito Eduardo Paes no dia 15 de fevereiro. A comissão é presidida pela vereadora Mônica Cunha (PSOL), com a participação dos vereadores Thais Ferreira (PSOL) e Edson Santos (PT).

Segundo a vereadora Mônica Cunha, o racismo é um problema estrutural e existe também a dimensão institucional, o que significa que é preciso colocar as leis de combate a ele em prática. É necessário destinar de verdade o orçamento e aplicar os recursos em projetos que possam mudar a história da desigualdade racial. O relatório indica que a comissão tem como objetivo fiscalizar as ações e colocar uma lupa para enxergar o problema.

O documento analisa a responsabilidade do poder público municipal a partir de três eixos temáticos: educação, saúde, cultura e patrimônio cultural. No eixo da educação, o relatório destaca a Lei 10.639/2003, que determina o ensino de história e cultura afro-brasileira nas grades curriculares. O relatório indica que existem falhas na aplicação dessa lei nas salas de aula, de acordo com entrevistas com professores da rede pública.

Em relação à saúde, o relatório pede a implementação do Programa Municipal de Saúde Integral da População Negra e a criação de Programa de Cuidado e Atenção à Saúde Mental de moradores das favelas e periferias impactados por operações policiais, com destaque para familiares vítimas de violência. Já na parte cultural, o relatório aponta a falta de editais e infraestrutura para estimular a continuidade de expressões culturais afro-brasileiras.

O relatório traz 88 recomendações para mudar o cenário de desigualdade racial no Rio de Janeiro. Uma delas é a criação de uma Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial, “dotada de autonomia, competências, atribuições e destinação orçamentária que viabilizem a execução e monitoramento de políticas públicas e ações afirmativas em prol da promoção de direitos e garantias em condições de igualdade”.

Outro destaque é a recomendação para a “regulamentação da Gerência de Relações Étnico-Raciais (Gerer) da Secretaria Municipal de Educação, tornando-a uma coordenadoria permanente” e a “inclusão do fator racial nos documentos e formulários de gestão em saúde para o desenvolvimento de dados com recorte racial e subsídio para a proposição de políticas públicas”.

A partir de fevereiro, o relatório será entregue também para os secretários municipais. Os vereadores esperam que o trabalho da Comissão de Combate ao Racismo possa ser ampliado. O relatório indica que, por enquanto, a comissão tem duração de um ano, mas eles esperam que ela se torne permanente.
A reportagem entrou em contato com a prefeitura do Rio de Janeiro para comentar o relatório e as avaliações críticas recebidas, mas não obteve resposta até o momento.

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