O relatório baseou-se em um questionário respondido por 310 pessoas, entre os dias 10 e 18 de novembro, cujos resultados expuseram um aumento na intolerância percebido tanto por homens como por mulheres. A pesquisa também evidenciou que a imprensa teve um papel relevante nesse crescimento, principalmente no que se refere à cobertura jornalística do ataque.
Além disso, a pesquisa revelou uma confusão entre a caracterização de muçulmanos, árabes e palestinos, o que configura uma forma de orientalismo. A antropóloga e pesquisadora Francirosy Campos Barbosa, que coordena o Gracias, ressaltou que a comunidade islâmica ainda não está coletivamente instrumentalizada para enfrentar agressões nas redes sociais.
As mulheres que seguem a tradição islâmica, especialmente aquelas que usam véus que cobrem a cabeça, sentem-se ainda mais vulneráveis. Muitas delas mudaram a escolha de suas vestimentas após o ataque de outubro, como forma de tentar evitar a violência.
A pesquisa também abordou a diferença entre antissemitismo e antissionismo, tratando as críticas ao Estado de Israel como se fossem casos de discriminação contra a comunidade judaica, o que pode ter influenciado o aumento no número de denúncias de discriminação e violência contra judeus desde o ataque do Hamas.
Em resumo, os resultados da pesquisa mostram um aumento da intolerância contra muçulmanos e muçulmanas no Brasil após o ataque do Hamas, com os veículos de comunicação sendo apontados como um dos fatores que contribuíram para esse crescimento. A questão da confusão entre diferentes grupos étnicos também é destacada, mostrando a necessidade de maior conscientização e educação sobre essas questões.