BRASIL – Implementação do Novo Ensino Médio gera insatisfação entre estudantes, professores e gestores, aponta pesquisa da Unesco.

A implementação do Novo Ensino Médio tem sido motivo de insatisfação para a maioria dos estudantes, professores e gestores de escolas que adotaram o novo modelo. Segundo uma pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), 56% dos estudantes, 76% dos docentes e 66% dos gestores estão insatisfeitos com as mudanças promovidas pelo Novo Ensino Médio.

Os dados divulgados são apenas uma parte da pesquisa, cujo relatório final deverá ser concluído em janeiro de 2024. A pesquisa entrevistou 2,4 mil professores, gestores e estudantes que atuaram ou estudaram em escolas públicas estaduais que implementaram o Novo Ensino Médio na 1ª série no ano de 2022. As entrevistas foram realizadas entre 23 de junho e 6 de outubro de 2023, de forma presencial ou por telefone.

O novo modelo de ensino, aprovado em 2017, tem gerado polêmica desde o início da sua implementação em 2022. Estudantes chegaram a realizar passeatas pela revogação do Novo Ensino Médio e houve uma consulta pública que recebeu cerca de 150 mil respostas. Atualmente, o modelo está sendo discutido no Congresso Nacional e poderá ser votado pela Câmara dos Deputados em breve.

O Novo Ensino Médio promove a divisão das aulas em duas partes: uma comum a todos os estudantes do país, direcionada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e outra parte que permite aos alunos escolher um itinerário para aprofundar o aprendizado em áreas como linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ensino técnico. No entanto, a pesquisa mostra que a oferta de itinerários ainda depende da capacidade das redes de ensino e das escolas.

Um dos principais desafios para a implementação do Novo Ensino Médio, apontado pelos gestores, é a formação continuada para docentes e gestores, além da adequação da infraestrutura e a obtenção de apoio técnico e material didático. Os professores também consideram inadequada a formação recebida para realizar a implementação das mudanças propostas.

A coordenadora do setor de Educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, destacou que a pesquisa foi realizada para subsidiar as tomadas de decisão do Ministério da Educação (MEC) e dos estados. Ela ressaltou a importância de levar em consideração o descompasso entre o que é possível ofertar e o que é demandado para criar condições de melhor atendimento aos estudantes, professores e gestores.

Diante das insatisfações evidenciadas pela pesquisa, Rebeca Otero defendeu a necessidade de melhorias no modelo de ensino, visando aprimorar a educação oferecida aos estudantes e garantir melhores condições de trabalho para os professores e gestores. A preocupação com o bem-estar e o desenvolvimento dos estudantes foi ressaltada como um aspecto fundamental a ser considerado nesse processo de reformulação do ensino médio.

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