Os dados divulgados são apenas uma parte da pesquisa, cujo relatório final deverá ser concluído em janeiro de 2024. A pesquisa entrevistou 2,4 mil professores, gestores e estudantes que atuaram ou estudaram em escolas públicas estaduais que implementaram o Novo Ensino Médio na 1ª série no ano de 2022. As entrevistas foram realizadas entre 23 de junho e 6 de outubro de 2023, de forma presencial ou por telefone.
O novo modelo de ensino, aprovado em 2017, tem gerado polêmica desde o início da sua implementação em 2022. Estudantes chegaram a realizar passeatas pela revogação do Novo Ensino Médio e houve uma consulta pública que recebeu cerca de 150 mil respostas. Atualmente, o modelo está sendo discutido no Congresso Nacional e poderá ser votado pela Câmara dos Deputados em breve.
O Novo Ensino Médio promove a divisão das aulas em duas partes: uma comum a todos os estudantes do país, direcionada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e outra parte que permite aos alunos escolher um itinerário para aprofundar o aprendizado em áreas como linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ensino técnico. No entanto, a pesquisa mostra que a oferta de itinerários ainda depende da capacidade das redes de ensino e das escolas.
Um dos principais desafios para a implementação do Novo Ensino Médio, apontado pelos gestores, é a formação continuada para docentes e gestores, além da adequação da infraestrutura e a obtenção de apoio técnico e material didático. Os professores também consideram inadequada a formação recebida para realizar a implementação das mudanças propostas.
A coordenadora do setor de Educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, destacou que a pesquisa foi realizada para subsidiar as tomadas de decisão do Ministério da Educação (MEC) e dos estados. Ela ressaltou a importância de levar em consideração o descompasso entre o que é possível ofertar e o que é demandado para criar condições de melhor atendimento aos estudantes, professores e gestores.
Diante das insatisfações evidenciadas pela pesquisa, Rebeca Otero defendeu a necessidade de melhorias no modelo de ensino, visando aprimorar a educação oferecida aos estudantes e garantir melhores condições de trabalho para os professores e gestores. A preocupação com o bem-estar e o desenvolvimento dos estudantes foi ressaltada como um aspecto fundamental a ser considerado nesse processo de reformulação do ensino médio.