De acordo com a pesquisa, apenas 10,5% dos secretários e secretárias estaduais são pessoas pretas e pardas, enquanto as mulheres ocupam somente 29,7 desses cargos de alta liderança. A região Nordeste se destaca por apresentar um percentual de secretárias de estado acima da média nacional, com 37,2% delas no cargo, enquanto o Norte e o Nordeste são as únicas regiões que têm um percentual de pretos e pardos no secretariado acima da média nacional.
O estudo também apontou que mais da metade dos secretários pretos e pardos comandam pastas sociais, como Assistência Social, Cultura e Esportes, enquanto a maioria das secretárias estão nesses setores também. Essa baixa representatividade de pessoas pretas e pardas no secretariado tem um impacto direto na implementação de políticas públicas que afetam essa parcela da população, segundo Luiz Augusto Campos, coordenador do Gemaa e professor de Ciência Política da Uerj.
A falta de dados sobre o perfil racial, de gênero e socioeconômico dos altos dirigentes públicos foi destacada pelo diretor de Conhecimento, Dados e Pesquisa da Fundação Lemann, Daniel de Bonis, como uma deficiência que dificulta a compreensão e a visibilidade desse grupo que tem grande influência no desenho e implementação de políticas públicas.
Diante desse cenário, Bonis defende que a mudança só será possível por meio da promoção da diversidade e inclusão, já que os espaços de poder no Brasil ainda são majoritariamente formados por homens brancos. Ele ressalta que, internacionalmente, o Brasil está muito atrás em termos de diversidade e inclusão, fatores essenciais para a democratização plena desses espaços.
A pesquisa mapeou 572 secretários e secretárias estaduais nas 27 Unidades da Federação, classificando as pastas por campo de atuação – social, econômica, infraestrutura ou órgãos centrais. Os resultados levantam questões importantes sobre a representatividade no governo e a necessidade de ações concretas para promover uma maior diversidade nos cargos de liderança nos estados brasileiros.