Uma iniciativa criada no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), em parceria com hospitais sem fins lucrativos, está desempenhando um papel significativo na redução de óbitos causados por sepse, uma infecção generalizada. Entre 2021 e 2023, cerca de 6 mil enfermeiros e assistentes de enfermagem foram capacitados em 59 municípios de 22 estados brasileiros, resultando em uma queda de 46% no número de mortes de pacientes com sepse atendidos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) foi lançado em 2009 e é gerido pelo Ministério da Saúde, contando com a participação de seis hospitais sem fins lucrativos de referência em qualidade médico-assistencial e gestão, como o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP), o Hospital do Coração (HCor), o Hospital Israelita Albert Einstein, o Hospital Moinhos de Vento e o Hospital Sírio-Libanês. O principal objetivo do programa é aprimorar a saúde pública por meio da capacitação de recursos humanos, pesquisas e avaliações, incorporação de tecnologias, inovações em gestão e assistência especializada.
Os recursos para o Proadi-SUS são garantidos por meio de imunidade fiscal concedida aos hospitais participantes, permitindo que cada um deles se envolva em diferentes frentes de atuação. Um exemplo é o Projeto Sepse, estabelecido através de uma parceria firmada em 2018 entre o Ministério da Saúde e o Hospital Sírio-Libanês, com o objetivo de preparar os profissionais para identificar e tratar precocemente os pacientes com suspeita de sepse.
A sepse, uma condição que envolve manifestações graves no organismo devido a uma infecção, pode se manifestar por meio de sintomas como febre, taquicardia, fraqueza extrema, entre outros. A resposta inflamatória do organismo para combater o agente infeccioso pode resultar no comprometimento de diferentes órgãos, levando a um quadro de falência múltipla.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 11 milhões de óbitos ocorrem a cada ano por sepse em todo o mundo, com muitas das vítimas sendo crianças e idosos. No Brasil, as estimativas apontam para cerca de 240 mil mortes anualmente. A sepse pode resultar de qualquer tipo de infecção, desde as mais leves até as mais graves, como pneumonia, infecções abdominais ou urinárias.
A taxa de mortalidade por sepse no Brasil é de aproximadamente 60%, de acordo com informações divulgadas pelo Proadi-SUS, sendo superior à de outros países semelhantes no mundo e bem acima do encontrado em nações desenvolvidas, onde os percentuais giram em torno de 20%. Giselle Franco, coordenadora de projetos no Hospital Sírio-Libanês, destacou que os resultados alcançados com o Projeto Sepse demonstram a eficácia dos protocolos implementados e ressaltou a necessidade de um diagnóstico e tratamento mais ágil para esse problema emergencial.
O programa Proadi-SUS é um exemplo de como parcerias entre o setor público e hospitais sem fins lucrativos podem resultar em benefícios significativos para a saúde pública, proporcionando capacitação e recursos para profissionais de saúde, resultando em vidas salvas e aprimoramento dos serviços oferecidos nas UPAs. Por meio dessas iniciativas, é possível vislumbrar um futuro onde a sepse se tornará uma preocupação de saúde pública do passado.