Economista e professor do Ibmec, Gilberto Braga, destaca que a manutenção da taxa básica de juros da economia, a Selic, em patamares elevados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) teve impacto positivo na contenção da inflação. Apesar das pressões de aumento, como nos preços dos aluguéis, o preço dos alimentos, de modo geral, tem diminuído, contribuindo para contrabalançar as pressões de aumento.
Já o pesquisador André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), aponta que os preços das commodities agrícolas e minerais influenciaram a inflação, já que produtos como soja, milho e trigo tiveram quedas significativas de preço ao produtor, impactando os índices de inflação. Além disso, o comportamento do IGP-M representa uma “devolução” do choque inflacionário causado pela pandemia entre 2020 e 2022.
Apesar dos desafios no cenário externo, como os conflitos bélicos da Rússia com a Ucrânia e do Oriente Médio, os especialistas têm uma expectativa positiva para 2024. Braz estima que o IPCA fechado de 2023 fique em torno de 4,45%, dentro da meta do Banco Central. Para 2024, ele espera um IPCA em torno de 4%, mas ressalta que há desafios, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, a ofensiva israelense e o fenômeno climático El Niño, que podem afetar os preços ao produtor e ao consumidor.
A política fiscal do governo também pode interferir no comportamento da inflação, caso haja dúvidas sobre o cumprimento da meta orçamentária. No entanto, o economista acredita que o Banco Central terá condições de continuar cortando a taxa básica de juros, a Selic, favorecendo uma trajetória controlada da inflação. A expectativa é que a Selic encerre o ano em torno de 9%. Assim, 2023 foi um ano desafiador, mas os resultados positivos na contenção da inflação criam expectativas otimistas para o próximo ano.