O ministro Barroso fez questão de criticar os “falsos patriotas” e “falsos religiosos” que participaram dos ataques, classificando as ações como uma “alucinação coletiva” motivada por falsidades e teorias conspiratórias. Ele destacou que muitos dos envolvidos estão sendo processados por crimes como golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de direito e depredação do patrimônio público, entre outros delitos.
Além disso, Barroso pregou a pacificação da sociedade brasileira, defendendo que aqueles que pensam de forma diferente não devem ser vistos como inimigos, mas como parceiros na construção de um país aberto, plural e democrático. Ele também enfatizou a importância do papel da imprensa, salientando o trabalho da imprensa para “reocupar um espaço público de fatos comuns compartilhados entre as pessoas” e enfrentar “esse tempo estranho que vivemos das narrativas falsas”.
A sessão solene contou com a presença de diversos membros da Corte, além do procurador-geral da República, o advogado-geral da União, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o ministro da Justiça e Segurança Pública, entre outros. Durante a cerimônia, foi destacada a resistência da democracia constitucional diante do ataque e também foi aberta uma exposição que retrata a reconstrução do prédio do Supremo, além dos danos causados e as peças restauradas.
Segundo estimativa oficial, os danos causados ao acervo e ao prédio do Supremo custaram aproximadamente R$ 12 milhões aos cofres públicos. Entre as peças restauradas estão itens simbólicos do acervo, como o Brasão da República, a escultura “A Justiça”, de Alfredo Ceschiatti, e o quadro “Os Bandeirantes de Ontem e de Hoje”, do artista plástico Massanori Uragami. No entanto, foram perdidos 106 itens históricos considerados de valor inestimável, que não puderam ser restaurados ou repostos.
Finalmente, a exposição, intitulada “Após 8 de janeiro: Reconstrução, memória e democracia”, será aberta ao público e irá expor imagens da depredação do Supremo, o trabalho de reconstrução do imóvel, de móveis e objetos, bem como outros “pontos de memória” que exibem peças danificadas e fragmentos da violência que ocorreram naquela data. A exposição representa não apenas a reconstrução física do prédio, mas simbolicamente a resistência da democracia diante do ataque sofrido.