No entanto, apesar dos avanços, o Brasil também é o país onde mais pessoas LGBTQIAP+ são assassinadas, conforme relata o Grupo Gay da Bahia. Em 2022, foram registrados 242 homicídios – ou uma morte a cada 34 horas – além de 14 suicídios. Enquanto isso, a França foi o primeiro país a pôr fim ao crime de sodomia em 1791 e descriminalizou a homossexualidade em 1982. Em 2010, a França foi o primeiro país a declarar que a transidentidade não era uma doença.
Durante sua visita ao Brasil, Berthon se reuniu com autoridades do governo federal, a secretaria nacional para o direito LGBTQIA+ Symmy Larat, parlamentares e representantes da sociedade civil. A descrição do embaixador também abordou a questão da descriminalização da homossexualidade, uma das principais pautas dos encontros, onde a França busca a colaboração do Brasil no cenário internacional, onde cerca de um terço dos países considera a homossexualidade um crime passível de punição, e em alguns casos, com pena de morte.
Berthon ressaltou que sua principal missão como embaixador para os direitos das pessoas LGBT+ é trabalhar pelo respeito dos direitos e da liberdade das pessoas LGBTQIAP+ dentro da rede da diplomacia francesa. Durante suas reuniões no Brasil, as principais discussões incluíram a atuação internacional e a diplomacia, estabelecendo uma melhor coordenação com o Brasil na esfera internacional para encorajar o movimento de descriminalização da homossexualidade e os direitos das pessoas LGBTQIA+ onde quer que sejam ameaçadas.
Além disso, foi abordada a questão de políticas nacionais de combate ao ódio contra a população LGBTQIA+, onde a França possui suas próprias políticas e busca compartilhar boas práticas com o Brasil. Em relação à importância da descriminalização da homossexualidade, Berthon afirma que se trata da maior das injustiças das quais as pessoas LGBTQIA+ são vítimas, e que é uma questão fundamental de direitos humanos.
Berthon também abordou a influência de movimentos políticos de extrema direita nos direitos das pessoas LGBTQIA+, ressaltando que eles muitas vezes vêm acompanhados de hostilidade em relação a essa população. Ele destacou a importância de respeitar os direitos das minorias e combater a tirania da maioria.
Em meio a todas essas discussões, Berthon destacou a necessidade de capacitar agentes públicos, formar professores e sensibilizá-los sobre a diversidade sexual e de gênero, além de lutar contra o ódio online nas redes sociais. Ele ressaltou a importância de ter leis para recuar esse ódio e as ações de capacitação como sendo importantes e eficientes.
Portanto, a visita do embaixador francês ao Brasil teve como objetivo estreitar laços e buscar a colaboração do país em pautas que visem garantir os direitos e a liberdade das pessoas LGBTQIAP+ tanto no cenário nacional quanto internacional.
