BRASIL – Ação movida na Alemanha por vítimas de Brumadinho atinge 300 adesões e busca indenização de 600 milhões de euros.

A ação movida nos tribunais alemães por pessoas atingidas pela tragédia em Brumadinho, em Minas Gerais, continua a crescer. Nas últimas semanas, o escritório de advocacia anglo-americano Pogust Goodhead, que representa as vítimas, divulgou que recebeu cerca de 300 adesões. Com isso, o número total de pessoas pleiteando a indenização atinge 1,4 mil. O valor buscado é de aproximadamente 600 milhões de euros, o equivalente a mais de R$ 3,2 bilhões.

A ação tem como alvo a empresa alemã Tüv Süd, que foi contratada pela Vale para avaliar a barragem da Mina Córrego do Feijão em Brumadinho. Segundo as investigações policiais, a assinatura pela Tüv Süd de uma declaração de estabilidade falsa permitiu que a Vale mantivesse suas operações na estrutura, mesmo diante da situação precária em que se encontrava.

O rompimento da barragem completou cinco anos em 25 de janeiro, matando 270 pessoas e causando impactos ambientais e socioeconômicos em várias cidades de Minas Gerais. Até agora, as investigações levaram a PF a indiciar 13 pessoas por uso de documento falso, sete funcionários da Vale e seis da Tüv Süd.

O processo na Alemanha começou com um grupo pequeno de vítimas, mas vem crescendo gradualmente. As prefeituras de Brumadinho e Mário Campos também buscam indenizações, e o caso está em tramitação no Tribunal Regional Superior de Munique. Em audiências já realizadas, o escritório que representa as vítimas argumentou que há provas que apontam a participação da Tüv Süd na tragédia, enquanto a empresa se defende, alegando não ter responsabilidade pelo episódio.

Na esfera cível, a reparação dos danos coletivos tem avançado especialmente a partir de um acordo judicial entre a Vale, o governo mineiro, o Ministério Público e a Defensoria Pública, que prevê diversos projetos demandando R$ 37,68 bilhões. No entanto, as indenizações individuais e trabalhistas não foram contempladas pelo acordo e estão sendo discutidas em negociações específicas.

A Tüv Süd tem sido excluída das decisões e negociações em torno das indenizações no Brasil, mas a empresa fez provisões anuais para lidar com processos relacionados à tragédia. Em 2021, reservou 28,5 milhões de euros para eventuais custos de defesa e consultorias judiciais, enquanto em 2022 as provisões subiram para 73,4 milhões de euros.

Sair da versão mobile