BRASIL – Ativista com hanseníase relata preconceito na busca por tratamento médico em entrevista a jornalista Mara Régia da Rádio Nacional.

Um jovem de 28 anos, João Victor Pacheco, descobriu aos 17 que tinha hanseníase, doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium Leprae, também conhecida como bacilo de Hansen. João trabalhava como padeiro e começou a ter queimaduras, mas não sentia dor, o que é um dos sintomas da hanseníase, a diminuição ou perda da sensibilidade térmica. Em entrevista ao programa Viva Maria, da Rádio Nacional, ele conta que desde então iniciou sua luta contra a doença.

O Estado de Mato Grosso, onde João Victor mora, é endêmico para hanseníase e ocupou o primeiro lugar no ranking brasileiro de casos por muitos anos. O jovem questiona a falta de serviços apesar de haver muitos casos diagnosticados: “De que adianta ter bastante caso diagnosticado e não ter serviço”. Além disso, relata o preconceito vivido desde os 17 anos: “Não sofro, mas acontece”. Marly Barbosa de Araújo, técnica em nutrição, também relata a falta de conhecimento dos profissionais de saúde acerca da doença. Ela conta que o diagnóstico tardio veio em razão de falhas no atendimento, já que precisou passar por várias unidades até conseguir uma resposta.

O Brasil diagnosticou ao menos 19.219 novos casos de hanseníase entre janeiro e novembro de 2023, um resultado 5% superior ao total de notificações registradas no mesmo período de 2022. O estado de Mato Grosso lidera as maiores taxas de detecção da doença. E a celebração do Dia Mundial de Combate e Prevenção da Hanseníase é sempre no último domingo do mês de janeiro.

A hanseníase é uma doença que, se não tratada no início dos sinais, pode causar sequelas progressivas e permanentes, incluindo deformidades e mutilações, redução da mobilidade dos membros e até cegueira. João Victor e Marly denunciam a falta de conhecimento e os preconceitos enfrentados, sendo este último um grande obstáculo não só dos profissionais da saúde, mas também da sociedade em geral. A desconstrução do preconceito e a informação são essenciais para a luta contra a hanseníase e para o acolhimento das pessoas que convivem com a doença.

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