De acordo com a companhia de teatro, o Grupo Silvio Santos realizou o fechamento dos arcos do imóvel, o que configuraria, na visão da companhia, “um ato ilegal” e “violência simbólica e concreta contra patrimônio material e imaterial tombado nas três instâncias de proteção (municipal, estadual e federal)”. Além disso, o Teatro Oficina alegou que o grupo “se antecipou à ação judicial” ao retirar a escada do imóvel que liga os arcos, pois ainda não tinha autorização da juíza responsável pelo processo.
A companhia expressou sua indignação, afirmando que “a vocação desse teatro-território é abrir os abscessos fechados dos massacres políticos desse país”. Eles enxergam a ação do Grupo Silvio Santos como uma retaliação política pela luta coletiva pela preservação do último chão de terra livre do centro da cidade de São Paulo contra a especulação imobiliária, devido à intensa verticalização na capital paulista.
Além disso, a companhia mencionou que houve um fato novo anexado ao processo, que é a destinação de verba pelo Ministério Público e Poder Executivo para a desapropriação do terreno no entorno do teatro, o que altera o cenário legal. No entanto, o Grupo Silvio Santos, de forma precipitada, realizou a ação antes mesmo de completar o processo legal.
O Teatro Oficina, projetado pela renomada arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi, foi considerado o melhor teatro do mundo pelo jornal dominical The Observer, do The Guardian. A figura mais conhecida da companhia, Zé Celso Martinez, faleceu após um incêndio que atingiu seu apartamento em 2023, e seu velório foi realizado no Oficina.
A Agência Brasil tentou fazer contato com os advogados que representam o Grupo Silvio Santos, conglomerado que abrange as emissoras de TV SBT e Alphaville, o Hotel Jequitimar, as empresas Sisan, de empreendimentos imobiliários, e Liderança, de títulos de capitalização, além da marca Jequiti, de cosméticos. Ainda aguardamos uma resposta por parte do grupo sobre a polêmica envolvendo o Teatro Oficina.