Mariana destacou a importância de ouvir especialistas de diversas áreas para criar um guia que oriente os pais e educadores sobre o uso de telas por crianças e adolescentes. Ela também ressaltou que o objetivo é entregar o guia para a população até o final deste ano.
Além disso, o secretário de Políticas Digitais da Secom, João Brant, confirmou que a frente de trabalho para a elaboração do guia será lançada em breve. Ele também revelou que houve uma consulta pública sobre o uso de telas e dispositivos por crianças e adolescentes.
O grupo de trabalho deverá analisar diversos aspectos, incluindo o uso de telas de celulares nas escolas. Mariana Filizola enfatizou que é importante equilibrar o uso excessivo de telas, que pode atrapalhar o aprendizado, com o uso pedagógico dessas tecnologias.
A preocupação com o uso excessivo de telas não é exclusividade do Brasil. Segundo dados do EletronicsHub, o Brasil é um dos países em que as pessoas mais desperdiçam o tempo usando smartphones, telas e dispositivos eletrônicos. Em média, são nove horas diárias de uso da internet. O país só perde para as Filipinas em tempo de uso de tela.
A última pesquisa TIC Kids Online, do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), revelou que 95% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos de todo o país acessam a internet. Esse dado corresponde a mais de 25,1 milhões de pessoas nessa faixa etária. Além disso, o estudo mostrou que o primeiro contato com a internet costuma ocorrer muito cedo, com 24% dos casos tendo ocorrido antes dos 6 anos de idade.
A médica pediatra Evelyn Eisenstein, coordenadora da Rede ESSE Mundo Digital e do Centro de Estudos Integrados Infância Adolescência e Saúde, destacou a preocupação com o uso precoce e excessivo de telas por crianças. Ela enfatizou que a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que nenhuma criança com idade abaixo de dois anos deveria ter contato com tela. Para as crianças entre 2 e 5 anos, a recomendação é que o tempo de uso de tela seja limitado a, no máximo, uma hora por dia, e para crianças entre 6 e 10 anos, de até duas horas diárias.
Eisenstein alertou que é essencial estabelecer limites para o uso de telas, como desligar o celular na hora das refeições e uma hora antes de dormir. Além disso, ela ressaltou a importância de desenvolver brincadeiras, atividades esportivas e culturais com as crianças longe das telas.
Portanto, o lançamento do grupo de trabalho é um passo importante para orientar pais, educadores e crianças sobre o uso consciente de telas e dispositivos digitais, visando promover uma relação saudável com a tecnologia desde a infância. A iniciativa também alinha o Brasil com as preocupações globais em relação ao uso excessivo de telas e seus potenciais impactos na saúde e no desenvolvimento das crianças e adolescentes.
