BRASIL – Estado brasileiro reconhece falha na apuração do desaparecimento de trabalhador rural após duas décadas, pedindo desculpas aos familiares

Há mais de 20 anos, a cidade de Itabaiana (PB) foi palco do desaparecimento do trabalhador rural Almir Muniz da Silva. Na época, tiros foram ouvidos na região onde ele estava em um trator, entre duas fazendas, a caminho de casa. Agora, depois de muita espera, o Estado Brasileiro reconheceu que houve falha na apuração do episódio, em uma audiência na Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Em um gesto inédito, representantes da Advocacia-Geral da União (AGU) reconheceram a “violação de direitos e garantias internacionalmente protegidos”, além de formalizarem um pedido de desculpas aos familiares da vítima. O documento, na íntegra, está disponível no portal do governo brasileiro.

A declaração brasileira apontou que “a investigação sobre o desaparecimento do Sr. Almir Muniz careceu de recursos materiais e humanos, não tendo o Estado atuado com a devida diligência, o que resultou no arquivamento do inquérito policial”. Além disso, reconheceu a “responsabilidade internacional por ofensa ao artigo 5.1 do Pacto de San José”, que prevê o direito ao respeito à integridade física, psíquica e moral.

A ausência de investigação suficiente do desaparecimento provocou sofrimento aos familiares do trabalhador rural, confirmando a violação da integridade psíquica e moral. Na época do desaparecimento, Almir era membro da Associação de Trabalhadores Rurais de Itabaiana (PB). Apesar da identificação de um suspeito, o inquérito policial foi arquivado por insuficiência de provas.

A defesa escrita à Corte, feita pelo Estado brasileiro em agosto do ano passado, já havia reconhecido sua responsabilidade internacional. Agora, o documento divulgado reconhece a natureza jurídica do episódio e inclui medidas de reparação por violações do Estado ao Direito Internacional. “O Estado brasileiro manifesta publicamente seu pedido de desculpas aos familiares do Sr. Almir Muniz da Silva”, declara o documento.

Após mais de duas décadas de sofrimento e incertezas, a família de Almir Muniz da Silva finalmente vê um reconhecimento por parte do Estado Brasileiro, que admite sua responsabilidade internacional no caso e pede desculpas publicamente. Essa é uma etapa importante no caminho para buscar justiça e reparação para a vítima e sua família.

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