O estudo realizado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Bahia) em colaboração com pesquisadores de Harvard, analisou quase 1 milhão de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade, Sistema de Informações Hospitalares e Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde. Os resultados mostraram um crescimento consistente das taxas de notificação por autolesões em todas as regiões do Brasil, além de um aumento significativo nos registros de suicídio.
A pesquisadora Flávia Jôse Alves destacou que as taxas de notificação por autolesões aumentaram em todas as faixas etárias analisadas, mostrando um quadro preocupante. Além disso, o estudo revelou aumento nas taxas de suicídio e autolesões em relação à raça e etnia, com a população indígena apresentando o maior número de casos a cada 100 mil pessoas.
Durante a pandemia da covid-19, as discussões sobre transtornos mentais como ansiedade e depressão aumentaram, mas os registros de suicídio permaneceram em crescimento constante ao longo do tempo. A psiquiatra Alessandra Diehl ressalta a importância de estratégias de prevenção ao suicídio, enfatizando a necessidade de mais políticas e intervenções nessa área.
A psicóloga Paula Zanelatto, que atua em um projeto na Rocinha, destaca a importância da informação e do diálogo aberto sobre o suicídio entre os jovens, como forma de promoção da saúde mental e prevenção de casos. O projeto, que envolve cerca de 140 alunos, tem como objetivo desmistificar o tema e abrir um canal de comunicação para que eles possam falar sobre suas angústias e buscar ajuda.
Diante desse cenário preocupante, iniciativas como o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional e prevenção do suicídio de forma gratuita e voluntária, se tornam ainda mais importantes. A conscientização, o diálogo e o suporte emocional são fundamentais para lidar com essa questão delicada e prevenir novos casos de suicídio entre os jovens brasileiros.
