BRASIL – Presidente argentino fecha agência de notícias pública e causa protestos em Buenos Aires

Após o anúncio feito pelo presidente argentino Javier Milei na última sexta-feira (1), informando o fechamento da agência pública de notícias do país, a Télam saiu do ar e uma mensagem de “página em reconstrução” é exibida para quem tenta acessar o site da agência. Além disso, os trabalhadores do portal foram comunicados no domingo (3) pelo interventor do órgão, Diego Chaher, de que estavam dispensados do trabalho pelos próximos 7 dias.

A situação gerou revolta entre organizações que representam os jornalistas argentinos, que promoveram um ato nesta segunda-feira (4) em frente à sede da Télam, em Buenos Aires, em protesto contra a decisão do governo. A Federação Argentina de Trabalhadores de Imprensa (Fatpren) destacou que o fechamento da agência, com 78 anos de existência, atenta contra a liberdade de expressão e prejudica a distribuição de informações em todo o país.

O presidente Milei justificou o encerramento da Télam alegando que a agência vinha sendo utilizada como meio de propaganda kirchnerista, referindo-se ao movimento político liderado pelos ex-presidentes Néstor Kirchner e Cristina Kirchner. Em fevereiro, Milei já havia intervindo em todos os meios públicos do país, substituindo as diretorias por gestores indicados pelo governo, o que gerou receios de privatização ou extinção dos meios de comunicação estatais argentinos.

O professor Guillermo Mastrini, da Universidade de Quilmes, ressaltou que ainda não está claro se o governo tem autonomia para fechar a Télam sem aprovação do Legislativo. Ele apontou que a medida pode ser questionada judicialmente, uma vez que o decreto de necessidade e urgência publicado pelo Executivo modificou as regras de intervenção em empresas públicas.

Criada há 78 anos para diversificar a oferta de informação na Argentina e romper com o duopólio das agências internacionais, a Télam possui mais de 700 funcionários e é a única agência de notícias do país com correspondentes em todas as províncias. Ao longo de sua história, a agência enfrentou diferentes ameaças de fechamento, durante governos como os de Carlos Menem, Fernando de la Rúa e Mauricio Macri. A decisão de encerrar as atividades da Télam representa um duro golpe para a liberdade de imprensa no país.

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