O autor brasileiro Jeferson Tenório viu sua obra, intitulada “O Avesso da Pele”, entrar no centro de uma polêmica envolvendo a tentativa de censura e ataques por parte de algumas escolas. O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta, e a ministra da Cultura (MinC), Margareth Menezes, se posicionaram contra essas ações.
Em um vídeo divulgado, Paulo Pimenta criticou a atitude das pessoas que tentaram censurar o livro, chamando-as de ignorantes, preconceituosas e covardes. A polêmica ganhou destaque quando uma diretora de uma escola gaúcha expressou sua insatisfação com o envio de 200 exemplares da obra para a Escola Estadual de Ensino Médio Ernesto Alves de Oliveira, alegando que o vocabulário era inadequado para os estudantes do ensino médio.
A 6ª Coordenadoria Regional de Educação do Rio Grande do Sul até solicitou que os exemplares da obra não fossem disponibilizados nas bibliotecas das escolas sob sua responsabilidade. No entanto, o ministro da Secom explicou que o governo federal envia obras literárias somente mediante solicitação das escolas e que o livro em questão foi aprovado para compor a lista de materiais disponíveis no governo anterior.
O autor, Jeferson Tenório, considerou o episódio absurdo e destacou a importância de formar leitores e não censurar livros. Ele ainda relatou que sua obra também foi alvo de tentativa de censura por uma escola de Salvador em 2022, conectando essas iniciativas à polarização política e ao conservadorismo.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, repudiou os ataques à obra e reforçou o compromisso do Ministério em apoiar ações que combatam esse tipo de censura. O Ministério da Educação (MEC) esclareceu que os professores são responsáveis por escolher os livros a serem adotados em sala de aula, e não o MEC, e que a pasta envia obras para escolas somente mediante solicitação dos educadores.
A editora do livro também condenou a censura, defendendo a liberdade de expressão e o debate cultural. A obra “O Avesso da Pele” já foi traduzida para diversos idiomas e recebeu o Prêmio Jabuti em 2021. O livro aborda questões raciais, violência e identidade, seguindo a jornada de Pedro em busca de suas origens após a morte trágica de seu pai.
Diante desse cenário, a discussão sobre a censura, liberdade de expressão e formação de leitores continua em pauta, com diferentes atores expressando suas opiniões e posicionamentos sobre o assunto. É fundamental que o debate se mantenha aberto e que as obras literárias sejam valorizadas como ferramentas essenciais para o desenvolvimento cultural e educacional do país.