Especialistas que estudam o papel das Forças Armadas concordam que a investigação conduzida pela Polícia Federal e as prisões autorizadas pelo Judiciário deixarão marcas na história do país. Esses acontecimentos enviam importantes “recados” para a sociedade em relação ao respeito à democracia. Depoimentos de ex-comandantes das três Forças prestados à Polícia Federal, assim como investigações em curso de outros militares, têm sido destacados pela imprensa.
A coordenadora do Observatório Brasileiro de Defesa e Forças Armadas da Universidade Federal de São Paulo, Juliana Bigatão, ressalta a importância dessas investigações e prisões inéditas. Ela destaca a necessidade de ampla divulgação dos desdobramentos e a importância de que haja desfechos nos processos para evitar a sensação de impunidade, algo que historicamente tem sido um problema devido à Lei de Anistia de 1979.
Para os especialistas, é cedo para determinar o impacto desses episódios na imagem das Forças Armadas, que historicamente são bem aceitas pela população. No entanto, as recentes ações antidemocráticas têm abalado essa imagem positiva. A professora Ana Amélia Penido destaca a importância de medidas para arejar a caserna e tornar o ambiente mais integrado à sociedade.
Diante dessas questões, a politização das Forças Armadas durante o governo de Jair Bolsonaro é apontada como uma das raízes do problema. Há a necessidade de integração dos mundos civil e militar para evitar situações como a atual. A postura dos atuais comandantes em colaborar com as investigações é vista como um passo positivo em direção à transparência e ao respeito à democracia. O momento de desgaste de imagem das Forças Armadas traz à tona a necessidade de reflexão e mudanças para que a instituição possa recuperar a confiança da população.