Essa preferência por produtos de origem animal, que consomem 82% dos subsídios agrícolas da UE, tem gerado consequências preocupantes. De acordo com os pesquisadores, essa escolha política está tornando as dietas mais poluentes “artificialmente baratas”. Além disso, o estudo aponta que a produção de carne bovina requer 20 vezes mais terra do que nozes e 35 vezes mais do que grãos para gerar a mesma quantidade de proteína.
O pesquisador Paul Behrens, coautor do estudo, alerta para os resultados perversos dessa política de subsídios, especialmente em um momento em que a Europa se comprometeu a se tornar climaticamente neutra até 2050. Behrens ressalta que, apesar dos esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, os alimentos de origem animal ainda estão fortemente associados a essas emissões na produção alimentar da UE.
Os dados levantados pelos pesquisadores também revelam que uma parcela dos subsídios da UE aos produtos de origem animal é destinada à exportação para países de rendimento médio-alto e alto, como China e Estados Unidos. Essa constatação levanta questões sobre a eficácia dos subsídios e a necessidade de uma transição para dietas mais saudáveis e sustentáveis.
Diante desse cenário, a reforma da PAC para o período de 2023-2027 prevê alocar parte dos pagamentos diretos a regimes ecológicos, com incentivos para práticas agrícolas mais amigáveis ao meio ambiente. No entanto, a implementação dessas políticas verdes tem enfrentado resistência por parte dos agricultores, que temem os impactos econômicos dessas mudanças.
O estudo vem à tona em um momento em que a Europa enfrenta desafios para conciliar as demandas por uma agricultura mais sustentável com as necessidades dos produtores rurais. As discussões em torno dos subsídios agrícolas e sua distribuição revelam a complexidade e os dilemas presentes na busca por um sistema alimentar mais equilibrado e consciente dos impactos ambientais.