BRASIL – Estudo aponta que União Europeia prioriza criação de animais na política agrícola, impactando transição alimentar em artigo da Nature Food.

Em um estudo recentemente publicado na revista científica Nature Food, foram analisados os investimentos da União Europeia na Política Agrícola Comum (PAC) e os impactos desses subsídios na transição alimentar. Segundo a pesquisa, mais de 80% do dinheiro público destinado à PAC é direcionado para a criação de animais, enquanto os investimentos no cultivo de plantas são significativamente menores.

Essa preferência por produtos de origem animal, que consomem 82% dos subsídios agrícolas da UE, tem gerado consequências preocupantes. De acordo com os pesquisadores, essa escolha política está tornando as dietas mais poluentes “artificialmente baratas”. Além disso, o estudo aponta que a produção de carne bovina requer 20 vezes mais terra do que nozes e 35 vezes mais do que grãos para gerar a mesma quantidade de proteína.

O pesquisador Paul Behrens, coautor do estudo, alerta para os resultados perversos dessa política de subsídios, especialmente em um momento em que a Europa se comprometeu a se tornar climaticamente neutra até 2050. Behrens ressalta que, apesar dos esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, os alimentos de origem animal ainda estão fortemente associados a essas emissões na produção alimentar da UE.

Os dados levantados pelos pesquisadores também revelam que uma parcela dos subsídios da UE aos produtos de origem animal é destinada à exportação para países de rendimento médio-alto e alto, como China e Estados Unidos. Essa constatação levanta questões sobre a eficácia dos subsídios e a necessidade de uma transição para dietas mais saudáveis e sustentáveis.

Diante desse cenário, a reforma da PAC para o período de 2023-2027 prevê alocar parte dos pagamentos diretos a regimes ecológicos, com incentivos para práticas agrícolas mais amigáveis ao meio ambiente. No entanto, a implementação dessas políticas verdes tem enfrentado resistência por parte dos agricultores, que temem os impactos econômicos dessas mudanças.

O estudo vem à tona em um momento em que a Europa enfrenta desafios para conciliar as demandas por uma agricultura mais sustentável com as necessidades dos produtores rurais. As discussões em torno dos subsídios agrícolas e sua distribuição revelam a complexidade e os dilemas presentes na busca por um sistema alimentar mais equilibrado e consciente dos impactos ambientais.

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