BRASIL – Incra destina terras da Fazenda Sinuelo para famílias do acampamento Olga Benário do MST após quase uma década de impasse

Após quase uma década de impasse, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) finalmente destinou 724 hectares da Fazenda Sinuelo, localizada no município de Tabocão, no Tocantins, para as famílias do acampamento Olga Benário, ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Essa decisão oficializa a criação de um projeto de assentamento que contemplará 58 unidades agrícolas, conforme publicado no Diário Oficial da União desta terça-feira (16).

Essa propriedade é a segunda ocupada pelas famílias de agricultores que reivindicam a reforma agrária na região. Anteriormente, em março de 2014, os trabalhadores ocuparam a Fazenda Araguarina, que passou por um processo de vistoria pelo Incra para desapropriação e destinação social. No entanto, uma ação judicial movida pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no mesmo ano interrompeu o processo.

Na época, líderes do MST levantaram suspeitas de motivações políticas por trás da ação judicial, alegando pressão por parte de ruralistas sobre o Dnit para remover o acampamento localizado às margens da BR-153. O impasse foi rompido em abril de 2017, quando parte das famílias do acampamento Olga Benário ocupou a Fazenda Sinuelo, que já havia sido desapropriada pelo governo federal em 2006 devido ao uso ilegal da terra para atividades ligadas ao tráfico de drogas.

Com a definição do destino da fazenda, a Superintendência Regional do Incra no Tocantins iniciará o processo de inclusão das unidades familiares no Programa Nacional de Reforma Agrária. Isso garantirá o acesso das famílias às políticas públicas que asseguram a permanência e o desenvolvimento das atividades produtivas sustentáveis nas terras, incluindo o acesso a crédito.

O novo assentamento receberá o nome de Olga Benário, uma militante comunista de origem alemã conhecida por sua luta contra o fascismo e seu trabalho ao lado de Luís Carlos Prestes na Aliança Nacional Libertadora (ANL). A ANL era uma frente política que lutava por um governo revolucionário popular e contra o latifúndio e as ameaças fascistas.

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