BRASIL – TRF-4 suspende liminar que derrubou resolução do CFM proibindo assistolia fetal em gestantes com mais de 22 semanas de gravidez

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) decidiu suspender a liminar que havia derrubado a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que proibia médicos de realizar o procedimento conhecido como assistolia fetal em gestantes com mais de 22 semanas de gravidez. A polêmica decisão foi tomada na noite da última sexta-feira (26), após o desembargador argumentar que o assunto já está em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 989/2022), que aborda as ações e omissões do Ministério da Saúde em relação à realização de aborto em casos de gravidez decorrente de estupro.

Para o desembargador responsável pela decisão, não seria adequado suspender a resolução do CFM em caráter liminar, uma vez que o tema está sendo analisado em instância superior e demanda um debate mais amplo e aprofundado. O CFM, por sua vez, defende que a proibição do procedimento de assistolia fetal em gestantes com mais de 22 semanas de gestação é pertinente, enquanto o Psol protocolou outra ADPF (1.134/2024) pedindo a declaração de inconstitucionalidade da decisão do conselho.

O partido alega que a norma do CFM restringe de forma discricionária, privando mulheres e meninas do acesso a procedimentos seguros de aborto e colocando-as em risco de saúde ou morte. Além disso, argumentam que a resolução do conselho vai contra as recomendações da Organização Mundial da Saúde e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.

Em meio a esse debate, manifestações pelo Brasil pediram a legalização do aborto e o fim da violência de gênero, ressaltando a importância de garantir o acesso das mulheres a procedimentos seguros e legalizados. Em São Paulo, uma marcha realizada na Avenida Paulista durante o Dia Internacional da Mulher denunciou a morte de mulheres devido à falta de assistência durante a interrupção da gravidez. A discussão sobre a legalidade do aborto e a proteção dos direitos das mulheres continua sendo um tema relevante e controverso no cenário jurídico e social do país.

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