BRASIL – Indígena do povo Xokleng é encontrado morto em Santa Catarina, levantando questões sobre violência e demarcação de terras.

No dia de ontem, um trágico incidente chocou a comunidade do povo Xokleng em Santa Catarina. Hariel Paliano, um jovem indígena de 26 anos, foi encontrado sem vida às margens da rodovia que liga os municípios de Doutor Pedrinho e Itaiópolis. Seu corpo apresentava sinais evidentes de espancamento e queimaduras, deixando a população local consternada com tamanha brutalidade.

Segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o crime ocorreu a apenas 300 metros da residência de Hariel, onde ele vivia com sua mãe e padrasto, que é líder da aldeia Kakupli. Este não foi o primeiro episódio de violência envolvendo a família, já que no início deste mês a casa foi alvo de disparos de armas de fogo. A Polícia Federal (PF) está conduzindo as investigações para esclarecer as circunstâncias desse homicídio bárbaro.

No momento do ocorrido, parte dos indígenas da aldeia estava retornando de Brasília, onde participaram do Acampamento Terra Livre (ATL) na semana anterior. A região em questão abriga a Terra Indígena Ibirama La Klaño, lar de diferentes etnias indígenas, incluindo os Kaingang, Guarani e Xokleng. A disputa por terras nessa localidade foi recentemente avaliada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou inconstitucional a tese do marco temporal para demarcação de terras indígenas.

Em meio a esse cenário de conflito, o Cimi expressou solidariedade aos familiares de Hariel e ressaltou que os episódios de violência têm se intensificado na região após a aprovação do marco temporal pelo Congresso. A entidade também mencionou a decisão do ministro Gilmar Mendes de promover a conciliação nas ações que debatem a validade do marco temporal, uma medida vista como favorável aos setores que se opõem à demarcação das terras indígenas.

A tese do marco temporal defende que os indígenas somente teriam direito às terras que estavam em sua posse em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. Mesmo com decisões divergentes no Legislativo e no Judiciário, a questão continua gerando conflitos e tragédias como a que vitimou Hariel Paliano, um jovem cuja vida foi ceifada de forma brutal e injusta. A investigação do caso e a busca por justiça são fundamentais para garantir a segurança e os direitos dos povos indígenas em nosso país.

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