A superlotação dos cemitérios da capital e a falta de vagas para novos sepultamentos foram temas de discussão na CPI da Braskem durante o depoimento de João Lobo, procurador-geral de Maceió na gestão de João Henrique Caldas, o JHC (PL), realizado no último dia 23 de abril.
O relator da comissão, senador Rogério Carvalho, questionou se o dinheiro dos acordos entre a prefeitura de Maceió e a Braskem, que passa de R$ 1,7 bilhão, está sendo utilizado para atender as vítimas do crime ambiental e, especificamente, tratou de um problema que se agrava na cidade: a falta de cemitérios públicos.
“A gente sabe que foram quarenta escolas, doze unidades de saúde, dois parques, quatro praças, um campo de futebol e um cemitério”, disse o senador, ao se referir aos imóveis da prefeitura de Maceió indenizados pela Braskem.
“E aqui vale um registro, apesar do cemitério ter sido indenizado, nós estamos tendo um problema, um caos na área funerária, apesar de estar no contrato a mudança do cemitério e a indenização do cemitério”, enfatizou.
“A pergunta sobre as obras, sobre a responsabilidade da prefeitura, mais especificamente o cemitério Santo Antônio, bairro Bebedouro. Há notícias de que o cemitério foi fechado em 2020, devido ao afundamento do solo, reaberto em 2021 apenas para visitação e que a ausência de seu serviço agravou o colapso funerário na capital alagoana, que sofre com a falta de vagas para sepultamento”, afirmou.
Em seguida, o senador se dirigiu ao procurador geral de Maceió: “Há inclusive relatos de cidadãos de que as pessoas levam três dias para serem sepultadas atualmente. O senhor poderia nos informar como anda essa questão, as obras para a construção do novo cemitério já foram iniciadas? Há um plano para remanejamento dos túmulos do cemitério Santo Antônio?”.
Aparentemente constrangido, João Lobo confirmou que a prefeitura, na gestão do prefeito JHC, não fez nada até agora para resolver o problema: “Eu não tenho como passar essa informação, eu não tenho essa resposta, senador, infelizmente”, afirmou.
Covas rasas
Em reportagem realizada no ano passado, a Agência Tatu revelou que as pessoas são enterradas em covas rasas em Maceió: “À beira de um colapso, cemitérios públicos de Maceió estão enterrando os seus mortos em covas rasas, nas ruazinhas estreitas entre os túmulos e jazigos. Das 1.065 pessoas enterradas em 2023 nos oito cemitérios administrados pela prefeitura da capital alagoana, 861 foram sepultadas de forma precária diretamente na terra. Ou seja, 8 em cada 10 mortos não tiveram um enterro digno”.