Esses levantamentos representam quase a metade (45,85%) de todas as pesquisas realizadas até o momento, o que indica que empresas dedicadas a esse tipo de serviço deixaram de faturar cerca de R$ 3,3 milhões em menos de quatro meses. O cientista político João Francisco Meira, sócio-diretor do instituto Vox Populi e membro do conselho superior da Abep, comentou que essa prática levanta questionamentos, uma vez que as empresas de pesquisa são remuneradas pelos serviços prestados.
O Ministério Público Eleitoral (MPE) também está atento a essa situação, pois, embora o autofinanciamento de pesquisas não seja ilegal, é necessário garantir a transparência e a legitimidade desse processo. O MPE afirmou que o autofinanciamento por si só não constitui irregularidade, mas ressaltou a importância de investigar possíveis indícios de fraudes ou ilegalidades.
Além disso, as empresas responsáveis por realizar pesquisas eleitorais financiadas com recursos próprios devem informar detalhes sobre o valor e a origem dos recursos, bem como apresentar um demonstrativo financeiro do ano anterior às eleições. O valor médio dessas pesquisas foi de R$ 7,8 mil, o que representa uma economia de 14% em comparação com as pesquisas financiadas por contratantes.
Observou-se que a maioria das pesquisas autofinanciadas foi realizada em cidades do interior, com destaque para o estado de Goiás, que liderou nesse aspecto. Por outro lado, o Amapá foi o único estado em que não foram identificadas pesquisas autofinanciadas no período analisado.
Diante das preocupações levantadas, a Abep planeja fechar uma nova planilha com dados atualizados sobre as pesquisas eleitorais registradas na Justiça Eleitoral até o final de maio. É essencial garantir a transparência e a lisura nos processos de realização e divulgação das pesquisas de intenção de voto, para que a população possa tomar decisões informadas durante o processo eleitoral.