O projeto nasceu a partir de um documentário idealizado pelo diretor e roteirista Daniel Gonçalves, que possui uma deficiência que afeta sua coordenação motora. O documentário, previsto para ser lançado no segundo semestre deste ano, contou com duas fases de gravação, sendo que a primeira ocorreu em 2018, com uma série de entrevistas. Com a pandemia da Covid-19, o projeto foi interrompido e retomado posteriormente para incluir mais entrevistas, abrangendo diferentes deficiências, como espectro autista, surdez e deficiência intelectual.
Ao todo, 26 entrevistas foram gravadas, sendo 15 delas incluídas no documentário de 86 minutos. As entrevistas não utilizadas foram aproveitadas na exposição paralela do projeto Assexybilidade. O filme teve seu lançamento mundial em julho de 2023, no OutFest Los Angeles, e já participou de diversos festivais nacionais e internacionais, conquistando prêmios importantes.
O objetivo do filme e da exposição é abordar temas tabus relacionados à sexualidade de pessoas com deficiência, como acesso à saúde ginecológica e violência sexual. A exposição conta com fotografias de Letícia Laet e Gabvsky, mulheres com deficiência que colaboraram ativamente nas imagens. Além disso, o vídeo da exposição mistura trechos de entrevistas não utilizadas no filme com imagens dos bastidores dos ensaios, projetados na obra Penetrável Nas Quebradas, de Hélio Oiticica.
A mostra conta com 35 fotos dispostas a uma altura acessível para pessoas com nanismo ou em cadeiras de rodas, e terá QR code com versões em Libras e audiodescrição. A proposta é quebrar tabus e dar visibilidade às experiências amorosas e sexuais vividas por pessoas com deficiência, promovendo uma reflexão sobre direitos sexuais e enfrentamento da violência.
Daniel Gonçalves, formado em jornalismo e pós-graduado em Cinema Documentário, ressalta a importância de discutir abertamente temas como desejo, prazer e direitos sexuais para pessoas com deficiência, desmistificando estereótipos e combatendo abusos e assédios. A exposição Assexybilidade representa um passo importante nessa direção, contribuindo para a inclusão e a quebra de preconceitos.
