BRASIL – Tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul levanta questionamentos sobre responsabilidade humana na ocupação do território.

Na última semana, uma série de tragédias causadas pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul resultaram na morte de quase 150 pessoas, levantando questionamentos sobre as responsabilidades e as causas dessa situação. Especialistas têm se debruçado sobre o assunto, analisando se o evento foi puramente natural ou se houve influência humana na forma como o território foi ocupado e desenvolvido.

Conversando com geólogos, agrônomos, engenheiros civis e ambientais, a Agência Brasil identificou um consenso de que as mudanças climáticas potencializaram a tragédia, mas há divergências quanto à responsabilidade das atividades econômicas e da ocupação territorial. Para o geólogo Rualdo Menegat, as políticas de planejamento urbano e econômico no estado contribuíram para a desorganização do território, facilitando a especulação imobiliária e a ocupação de áreas vulneráveis.

Já o professor de recursos hídricos da Coppe/UFRJ, Paulo Canedo, destaca que o desenvolvimento econômico e social sem medidas preventivas adequadas pode favorecer inundações. Por outro lado, o engenheiro civil e professor da PUC-RS, Jaime Federici Gomes, ressalta a importância da vegetação no escoamento da água, mas acredita que as intervenções agrícolas não tiveram influência direta nas inundações.

A falta de manutenção nos sistemas de contenção de águas em Porto Alegre também foi apontada como um dos fatores que contribuíram para o agravamento da situação. Rualdo Menegat critica a negligência política que enfraqueceu a capacidade estrutural do estado de lidar com fenômenos climáticos mais intensos.

No que diz respeito à prevenção e redução de danos, os especialistas concordam que é possível minimizar as consequências dos fenômenos climáticos com treinamento adequado da população e investimento em sistemas de alerta e defesa civil mais eficazes. Enquanto não existe uma solução definitiva para eventos extremos como esse, a cultura de prevenção e adaptação às mudanças climáticas se torna cada vez mais importante.

Diante desse cenário de desastre e reflexão, é fundamental que haja um esforço conjunto da sociedade, governantes e especialistas para traçar estratégias que visem a redução dos impactos das alterações climáticas e a promoção de um desenvolvimento mais sustentável e seguro para todos.

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