A investigação policial resultou na autorização de 140 mandados de busca e apreensão, com a determinação de interrupção das atividades econômicas dos locais investigados. Os hotéis e pensões de baixo custo no entorno das estações de metrô e trens da Luz e Júlio Prestes têm sido historicamente frequentados por pessoas em situação de rua, que utilizam os quartos para pernoite, banho, prostituição e consumo de drogas.
O projeto TTT, criado pelo psiquiatra Flávio Falcone, estava baseado na ética da redução de danos e na priorização da moradia como ponto de partida para a organização pessoal dos beneficiários. Além de oferecer moradia e alimentação, a iniciativa também incluía atividades culturais remuneradas para os atendidos. Falcone, que também atua como palhaço, realizava intervenções artísticas nas quintas-feiras na Cracolândia, visando oferecer apoio emocional e cultural aos moradores de rua.
Diante do despejo do hotel que abrigava o projeto, Falcone está buscando realocar os beneficiários em outra hospedaria que não esteja sob risco de fechamento. O proprietário do hotel, Marcelo Carames, negou qualquer envolvimento com o crime organizado e afirmou que aluga quatro prédios na região para oferecer serviços de hospedagem a preços acessíveis.
Com a repercussão do caso, Carames relatou que sua filha de 6 anos tem sofrido hostilidades na escola e defendeu-se, afirmando que não escolheu ter usuários de drogas como hóspedes e que está buscando regularizar o pagamento de impostos em atraso. Até o momento, ele não teve acesso ao inquérito que está sob sigilo. A situação evidencia a complexidade das questões relacionadas à moradia e população em situação de rua na cidade de São Paulo.