BRASIL – Projeto social é despejado da Cracolândia após operação policial na região central paulistana, afetando moradia de 25 pessoas vulneráveis.

Na última quinta-feira, uma operação policial realizada na Cracolândia, região central de São Paulo, resultou no despejo do projeto Teto Trampo Tratamento (TTT) de um hotel que abrigava 25 pessoas em situação de vulnerabilidade social. O estabelecimento, alugado para oferecer moradia e acompanhamento terapêutico, foi um dos 28 hotéis e hospedarias da região central apontados pela Polícia Civil como parte de um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas.

A investigação policial resultou na autorização de 140 mandados de busca e apreensão, com a determinação de interrupção das atividades econômicas dos locais investigados. Os hotéis e pensões de baixo custo no entorno das estações de metrô e trens da Luz e Júlio Prestes têm sido historicamente frequentados por pessoas em situação de rua, que utilizam os quartos para pernoite, banho, prostituição e consumo de drogas.

O projeto TTT, criado pelo psiquiatra Flávio Falcone, estava baseado na ética da redução de danos e na priorização da moradia como ponto de partida para a organização pessoal dos beneficiários. Além de oferecer moradia e alimentação, a iniciativa também incluía atividades culturais remuneradas para os atendidos. Falcone, que também atua como palhaço, realizava intervenções artísticas nas quintas-feiras na Cracolândia, visando oferecer apoio emocional e cultural aos moradores de rua.

Diante do despejo do hotel que abrigava o projeto, Falcone está buscando realocar os beneficiários em outra hospedaria que não esteja sob risco de fechamento. O proprietário do hotel, Marcelo Carames, negou qualquer envolvimento com o crime organizado e afirmou que aluga quatro prédios na região para oferecer serviços de hospedagem a preços acessíveis.

Com a repercussão do caso, Carames relatou que sua filha de 6 anos tem sofrido hostilidades na escola e defendeu-se, afirmando que não escolheu ter usuários de drogas como hóspedes e que está buscando regularizar o pagamento de impostos em atraso. Até o momento, ele não teve acesso ao inquérito que está sob sigilo. A situação evidencia a complexidade das questões relacionadas à moradia e população em situação de rua na cidade de São Paulo.

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