BRASIL – Limites da atuação da GCM na Cracolândia são definidos em decisão judicial atendendo pedido do MPSP e Defensoria Pública

A decisão da Justiça de São Paulo de limitar a atuação da Guarda Civil Metropolitana (GCM) na região da Cracolândia, no centro da capital paulista, foi tomada após um pedido do Ministério Público e da Defensoria Pública. A juíza Gilsa Elena Rios, da 15ª Vara da Fazenda Pública, determinou que a GCM não pode realizar operações de natureza policial militar na região, incluindo o uso de munição menos letal para dispersar as pessoas em situação de rua e com uso abusivo de drogas.

A magistrada definiu as condutas proibidas como qualquer ação típica de polícia repressiva e formação militar, que inclua arremessos indiscriminados de munições contra pessoas e a expulsão sem motivação das pessoas dos logradouros públicos. Além disso, a GCM foi obrigada a criar um canal para receber denúncias da população e um protocolo para apurar possíveis descumprimentos das limitações determinadas pela juíza.

Recentemente, foram instaladas grades na Rua dos Protestantes, onde ocorre a concentração de pessoas na Cracolândia desde 2023. A prefeitura alega que as grades facilitam o acesso das equipes de saúde e assistência social ao local, visando sensibilizar os usuários de álcool e drogas em situação de vulnerabilidade a aceitarem tratamento e acolhimento.

No entanto, a coordenadora do Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria, Fernanda Balera, expressou preocupação com as ações da prefeitura na região. Segundo ela, históricamente medidas como a instalação de grades aumentam a tensão, dificultam o trabalho das equipes de saúde e assistência e cerceiam a liberdade das pessoas.

A Cracolândia, local que concentra pessoas em situação de rua e com uso abusivo de drogas, teve sua configuração alterada ao longo dos anos, com a desapropriação de um terreno pela prefeitura em 2005. Desde então, a região passou por diversas mudanças e ações do poder público, gerando polêmicas e debates sobre a melhor forma de lidar com essa questão social complexa.

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