Durante uma entrevista concedida ao Portal Uol, o ex-presidente destacou a necessidade de ouvir a comunidade psiquiatra, ressaltando que a questão vai além do código penal, sendo uma questão de saúde pública. Lula enfatizou que, em diversos lugares do mundo, o derivado da maconha é utilizado para a fabricação de medicamentos, para tratamento de doenças como Parkinson, Alzheimer e até mesmo para ajudar no sono. O ex-presidente ainda relatou o caso de sua neta, que utiliza a substância para controlar convulsões.
Diante do cenário, Lula questionou por que a discussão sobre o assunto se mantém polarizada entre prós e contras, quando a ciência já comprova os benefícios terapêuticos da maconha. Ele clamou por uma decisão embasada em evidências científicas, referendada por profissionais da área médica e pela Organização Mundial da Saúde, a fim de trazer um posicionamento claro e embasado para a questão.
A recente decisão do STF de descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal também foi abordada pelo ex-presidente. Lula ressaltou a necessidade de diferenciar usuários de traficantes e criticou a falta de critérios claros para determinar essa distinção na Lei de Drogas de 2006. Para ele, a discussão sobre o tema no Supremo Tribunal Federal não contribui para o avanço do país, gerando apenas rivalidades e disputas de poder dentro das instituições.
Além disso, Lula expressou seu posicionamento em relação à competência técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e legislativa do Congresso Nacional sobre o tema da maconha. Ele destacou que a decisão do STF gera uma lacuna jurídica e invadiu áreas que deveriam ser de competência de outras instituições.
Diante desse complexo panorama, o debate sobre a maconha no Brasil ganha cada vez mais destaque, com diferentes atores políticos e jurídicos envolvidos na discussão. Para Lula, é fundamental que a questão seja abordada de forma embasada e responsável, levando em consideração evidências científicas e o bem-estar da população.