A Elegance Indústria, fabricante de colchões sediada em Santo Antônio de Jesus, Bahia, está no centro de um escândalo financeiro envolvendo fraudes e desvio de verbas. A empresa, que atua no ramo desde 1998 sob a direção de Márcio Fonseca Peixoto, enfrenta acusações graves de manipulação de recebíveis e enganação de seus parceiros financeiros.
Os Fundos de Investimentos de Direitos Créditorios (FIDC) são especializados na antecipação de recebíveis para capitalização de empresas. Em 2020, a Elegance iniciou parcerias com FIDCS cedendo os direitos creditórios de notas fiscais de seus clientes. Os clientes foram notificados que os pagamentos deveriam ser feitos diretamente para os FIDCS conforme estipulado no contrato.
No entanto, em 2024, a situação tomou um rumo inesperado. Márcio Peixoto informou aos FIDCS que a Elegance havia sido vendida para Carlos, suposto sócio da Soft Plumas, empresa que, segundo investigações, pode estar registrada no nome de um laranja, Rondinelle. A Soft Plumas, operando sob a razão social New Life Colchões, estaria envolvida em um esquema de fraude com a Elegance.
A Elegance começou a instruir seus clientes a ignorar os boletos emitidos pelos FIDCS, refaturando os mesmos valores e mercadorias, mas com novas notas fiscais. Essa prática visava desviar os pagamentos de volta para a Elegance, em vez de honrar os compromissos financeiros com os FIDCS.
Os FIDCS, ao perceberem a fraude, notificaram a Elegance, seus representantes comerciais, e os clientes, alertando-os sobre a ilegalidade da conduta. O representante comercial de Sergipe da Elegance, Robson Rocha confessou a fraude em uma ligação gravada, mencionando que a Elegance havia faturado 40 cargas sem emitir as notas correspondentes. Uma investigação revelou que Robson Rocha recebeu um pagamento da Elegance pouco antes da confissão.
A conduta da Elegance resultou em inadimplência generalizada dos clientes em relação aos títulos cedidos aos FIDCS. Os clientes confirmaram ter recebido instruções para ignorar os boletos e notificações dos Fundos de Investimentos, reforçando a acusação de má fé e fraude por parte da Elegance.
Além das fraudes com os FIDCS, investigações apontam que Márcio Fonseca Peixoto pode estar desviando verbas para empresas de seus filhos, Caio e Fernanda Fonseca Peixoto, proprietários da Bella Casa, especializada em móveis de luxo. Transferências financeiras suspeitas para a empresa dos filhos foram identificadas, sugerindo uma possível ocultação de patrimônio.
Atualmente, duas ações judiciais estão em andamento, incluindo uma ação criminal, com autoridades policiais ouvindo todos os envolvidos.