BRASIL – Juros altos e câmbio: desafios herdados do Plano Real dificultam a sobrevivência da indústria brasileira, apontam economistas.

O Plano Real, que foi implementado para trazer estabilidade para a economia brasileira, tem gerado discussões e críticas de diversos setores. Considerado essencial para derrubar a hiperinflação nos anos 1990, o plano apresenta como remédios o uso de altas taxas de juros e a abertura do mercado financeiro, fatores que têm impactado negativamente a indústria nacional e deixado a economia mais vulnerável a volatilidades cambiais.

Recentemente, a Taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia, tem sido alvo de intensos debates políticos. O Banco Central, após interromper o ciclo de queda dos juros, decidiu mantê-los em 10,5% ao ano na última reunião do Copom, causando críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, e contribuindo para instabilidade no câmbio.

Os economistas argumentam que a estrutura dos altos juros e do câmbio sobrevalorizado foi uma das âncoras do Plano Real. Esses instrumentos foram utilizados para controlar o consumo e garantir a estabilidade econômica, mas acabaram gerando problemas como o déficit na balança comercial e dificuldades para a indústria nacional competir com produtos importados.

A âncora cambial, que inicialmente seria temporária, perdurou por quase cinco anos e foi substituída pelo sistema de metas de inflação. A mudança para um modelo de meta contínua a partir de 2025 evidencia as transformações e desafios ao longo dos anos desde a implementação do Plano Real.

Apesar das críticas e impactos negativos, o Plano Real trouxe conquistas importantes, como a quitação da dívida pública externa e a transformação do Brasil em um credor externo. No entanto, a alta dependência do mercado financeiro e dos juros altos tem sido apontada como obstáculos ao desenvolvimento econômico, incentivando a concentração no agronegócio em detrimento da indústria.

Os economistas divergem sobre as soluções para os problemas econômicos atuais, com correntes heterodoxas destacando a necessidade de reformas estruturais que liberalizem a economia, enquanto os ortodoxos ressaltam a importância do controle das contas do governo e a manutenção do superávit primário. A continuidade das reformas constitucionais, como a administrativa e a tributária, é vista como essencial para reduzir os juros no médio e longo prazo e garantir o legado do Plano Real.

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