BRASIL – Acordo entre Vale e BHP Billiton afeta processo no Reino Unido sobre tragédia de Mariana em 2015, confira os detalhes.

Em um comunicado ao mercado divulgado nesta sexta-feira (12), as mineradoras Vale e BHP Billiton, acionistas da Samarco, anunciaram um acordo que terá impacto no andamento do processo que tramita no Reino Unido sobre as responsabilidades pela tragédia ocorrida em novembro de 2015. De acordo com o acordo, a Vale não será mais responsável perante o tribunal estrangeiro, cabendo à BHP Billiton realizar a defesa. Além disso, em caso de condenação, cada uma das mineradoras arcará com 50% das indenizações fixadas.

A tragédia, que resultou no rompimento de uma barragem da Samarco em Mariana (MG), causou 19 mortes e gerou impactos em diversas cidades ao longo da bacia do Rio Doce. Em 2018, os afetados acionaram as cortes britânicas buscando indenização e responsabilização da BHP Billiton, sediada em Londres. O processo anteriormente foi arquivado, mas foi reaberto após recursos apresentados pelos afetados em instâncias superiores.

Com o avanço da tramitação, a BHP Billiton requereu a inclusão da Vale no processo, o que foi aceito no ano passado. Contudo, o acordo anunciado entre as duas empresas implicou na retirada desse pedido pela BHP Billiton. Cerca de 700 mil afetados, representados pelo escritório Pogust Goodhead, buscam indenização por danos morais e materiais, incluindo perdas de propriedades, renda, impactos psicológicos, entre outros prejuízos.

Além disso, o acordo entre as mineradoras Vale e BHP Billiton também afeta um processo movido na Holanda por 78 mil afetados, representados pelo mesmo escritório. Ambas as empresas arcarão com valores iguais em uma eventual condenação nesse caso. A Vale afirmou que o acordo não implica em admissão de responsabilidade, e que está comprometida com medidas para reparação dos danos no Brasil.

No cenário nacional, a Fundação Renova, instituída com base no Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC) entre as mineradoras e os governos, está sob questionamentos judiciais devido à demora na execução das obras de reconstrução e aos valores indenizatórios. A Justiça Federal condenou a Samarco, a Vale e a BHP a pagar R$ 47,6 bilhões por danos morais coletivos em virtude do rompimento da barragem. As mineradoras recorreram da decisão e acionaram o STF com o objetivo de proibir municípios de participarem de litígios no exterior, alegando inconstitucionalidade.

Com audiências marcadas para outubro, o processo no Reino Unido continua a ser acompanhado de perto pelos afetados, que buscam justiça e reparação pelos danos sofridos.

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