BRASIL – Governo eleva projeção de déficit primário para R$ 28,8 bilhões em 2024 em meio a desoneração da folha de pagamento.

O governo enfrenta um cenário desafiador com despesas em crescimento e dificuldades para compensar a desoneração da folha de pagamento, o que levou a revisão para cima da projeção de déficit primário em 2024, que agora alcança R$ 28,8 bilhões. Essa informação foi divulgada no Relatório Bimestral de Receitas e Despesas pelo Ministério do Planejamento e Orçamento.

Essa revisão foi necessária para se adequar ao novo arcabouço fiscal, que estabelece uma margem de tolerância de déficit primário de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) para cima ou para baixo, com a meta de resultado primário zero. Para se manter dentro dessa margem, o governo precisou contingenciar R$ 3,8 bilhões do Orçamento, parte do total de R$ 15 bilhões que foi anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Além disso, houve um bloqueio de R$ 11,2 bilhões para garantir que os gastos não ultrapassem o limite estabelecido pelo arcabouço fiscal, que permite o crescimento dos gastos em até 70% do crescimento da receita acima da inflação.

Para reduzir o déficit primário, o governo aposta na aprovação de medidas pelo Senado que compensem a prorrogação da desoneração da folha de pagamento e no aumento da arrecadação. O relatório prevê uma queda de R$ 13,2 bilhões nas receitas líquidas, principalmente devido a reclassificações de parcelamentos de tributos e à prorrogação da desoneração da folha de pagamento para os municípios.

Por outro lado, houve um aumento na estimativa de arrecadação de Imposto de Renda e de Imposto sobre a Propriedade Industrial, o que contribui para amenizar o impacto da queda nas receitas líquidas.

Além disso, o relatório destaca o aumento dos gastos federais, com destaque para as ajudas ao Rio Grande do Sul. O estado receberá um total de R$ 29 bilhões em créditos extraordinários para a reconstrução, o que não afeta a meta de resultado primário. Os gastos discricionários foram revistos para baixo, mas o crescimento total nas despesas federais ainda é de R$ 20,7 bilhões.

Diante desse cenário, o governo enfrenta desafios para equilibrar as contas públicas e cumprir as metas estabelecidas pelo novo arcabouço fiscal. Medidas adicionais podem ser necessárias para garantir a sustentabilidade das finanças públicas e o controle do déficit primário.

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