NA MOITA – Rodrigo Cunha ignora plano de Eudócia Caldas e não larga cadeira do Senado

O inusitado parece ter se tornado a nova norma na política alagoana. Rodrigo Cunha, eleito senador com a maior votação da história, decidiu, em uma surpreendente reviravolta, manter-se em Brasília em vez de se licenciar para disputar a vice-prefeitura de Maceió ao lado de João Henrique Caldas (JHC). Enquanto a expectativa era que a primeira suplente, Eudócia Caldas, mãe de JHC, assumisse o cargo de senadora, ela permanece no limbo político, aguardando que o prefeito vença a eleição e force a licença de Cunha. A cena é um verdadeiro espetáculo, com Eudócia jogada para escanteio como se fosse uma peça de xadrez em uma partida interminável.

O ato de Cunha não só adiou os planos de Eudócia, como também coloca uma pá de cal sobre sua já combalida reputação. Ao contrário do que ocorreu em 2018, quando Cunha se afastou do Senado para concorrer ao governo de Alagoas, desta vez ele decidiu seguir seu próprio roteiro, contrariando a lógica e o próprio eleitorado. A decisão de não se afastar e, ao invés disso, permanecer em Brasília, enquanto participa da campanha em Maceió, é um enigma que só pode ser decifrado como uma jogada estratégica, ou uma manobra desesperada.

Se havia alguma dúvida sobre a seriedade de Cunha, a sua escolha por continuar no Senado para concorrer ao cargo de vice-prefeito faz questão de clarificar a questão. Em um movimento que pode ser descrito como a epitome da falta de compromisso político, Cunha mostra ao eleitorado que, apesar da vitória em 2018, sua palavra vale menos que uma folha de papel. A política alagoana, ao que parece, está de volta ao seu habitual circo de promessas não cumpridas e jogadas de bastidores.

A situação atual, em que a mãe do prefeito aguarda em um limbo, e um senador prioriza seu cargo em vez de um novo desafio, revela uma faceta peculiar da política brasileira. O que poderia ser visto como uma oportunidade de renovação e mudança, acaba por revelar um jogo de poder onde as promessas e os acordos são frequentemente esquecidos ou adaptados conforme a conveniência dos jogadores.

Em suma, Rodrigo Cunha não só deu uma aula de política oportunista, como também deixou claro que, no teatro da política, o roteiro muitas vezes muda, mas os personagens principais, com suas agendas ocultas e estratégias questionáveis, permanecem em cena. Enquanto Eudócia Caldas continua sua espera, o eleitor alagoano assiste, perplexo, à peça que se desenrola, aguardando para ver qual será o próximo ato deste drama político.

Sair da versão mobile