BRASIL – Ex-policial confirma ter recebido aviso prévio sobre operação que o prendeu por suspeita de envolvimento no caso Marielle Franco.

O caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Franco ganhou novos contornos com o depoimento do ex-policial militar Ronnie Lessa, que confirmou ter recebido informações antecipadas sobre a operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro que resultou em sua prisão. Lessa, réu confesso do assassinato e delator na investigação, prestou depoimento virtual pela segunda vez consecutiva no processo aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para julgar os mandantes do crime.

Segundo Lessa, ele recebeu uma mensagem de WhatsApp de um homem conhecido como Jomarzinho, filho de um policial federal aposentado com ligações com os irmãos Brazão, informando sobre a operação que resultaria em sua prisão. Mesmo com o conhecimento prévio, Lessa foi detido pois os policiais civis anteciparam a operação e o surpreenderam no momento em que se preparava para deixar o condomínio onde morava na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Durante o depoimento, Lessa também revelou detalhes sobre como o crime foi planejado para evitar que fosse caracterizado como um crime político, com o objetivo de impedir que a Polícia Federal entrasse na investigação. Ele afirmou que o assassinato da vereadora foi pensado para acontecer em um local específico, próximo à residência do ex-marido de Marielle, a fim de desviar a culpa para ele.

Além disso, Lessa afirmou que foi motivado pela ambição criminosa dos irmãos Brazão, que prometeram a ele dois terrenos na Zona Oeste do Rio, avaliados em R$ 25 milhões, em troca do crime. Ele admitiu ter sido influenciado pela promessa de riqueza, chamando a ambição de criminosa mas confessando ter sido contagiado por ela.

O caso envolvendo os irmãos Brazão, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa e o major da Polícia Militar Ronald Paulo de Alves Pereira, todos acusados de envolvimento no crime, continua em julgamento. Mais de 70 testemunhas devem depor no processo, com os depoimentos dos réus previstos somente para o final do processo. A investigação segue em andamento sob a coordenação do STF e da Procuradoria-Geral da República (PGR).

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