BRASIL – Conhecimento ancestral: indígena utiliza plantas do cerrado como farmácia e alia sabedoria tradicional à pesquisa acadêmica

A vida de Sônia Pavão é um verdadeiro exemplo de resiliência e força, combinando conhecimentos tradicionais com a pesquisa acadêmica de forma brilhante. Moradora da reserva indígena Tapyi Kora, também conhecida como Limão Verde, no Mato Grosso do Sul, Sônia encontrou na mata ao redor de sua casa a sua própria farmácia. Não precisa se deslocar até a cidade quando precisa de um medicamento, basta colher plantas do cerrado e usar os remédios tradicionais aprendidos com os mestres guaranis.

Essa conexão com a natureza e com os conhecimentos ancestrais não foi em vão. Mesmo após uma infância marcada por tragédias, Sônia dedicou-se aos estudos, formando-se em ciências da natureza pela Faculdade Intercultural Indígena (Faind) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Sua trajetória acadêmica exemplar culminou em um mestrado, onde dissertou sobre os conhecimentos tradicionais Guarani e Kaiowá.

A UFGD, com sua peculiaridade, se destaca por abrigar alunos e pesquisadores indígenas, como Sônia, que buscam aliar a ciência ocidental com os saberes tradicionais. A Faind é uma unidade especializada em assuntos relacionados aos povos originários brasileiros, oferecendo cursos e programas que respeitam as particularidades culturais e territoriais dos estudantes.

A presença dos indígenas na universidade é enriquecedora, proporcionando uma troca de conhecimentos e uma reflexão sobre como a ciência pode conviver e aprender com outras formas de sabedoria. A adaptação das instalações e do calendário acadêmico da Faind às necessidades dos estudantes indígenas é um exemplo dessa integração respeitosa e inclusiva.

Além disso, iniciativas como o intercâmbio de alunos indígenas para a França, proporcionado pela embaixada francesa, ampliam as oportunidades de vivência e aprendizado para esses estudantes, fortalecendo a visibilidade e a legitimidade de suas culturas e territórios. A universidade se torna, então, um espaço de encontro e reconhecimento das diversas formas de conhecimento.

A história de Sônia Pavão e a atuação da UFGD mostram como a educação pode ser um instrumento poderoso de valorização e preservação das culturas indígenas, promovendo um diálogo intercultural e um caminho para a construção de uma sociedade mais inclusiva e plural.

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