A administração do prefeito João Henrique Caldas (JHC) precisa explicar a parceria com a Vai de Bet, empresa de apostas online agora alvo de uma operação policial que investiga fraudes bilionárias. A relação, que envolveu patrocínios de grandes eventos municipais, levanta sérias questões sobre transparência e uso de recursos públicos.
Em 2024, sob a gestão de JHC, a Vai de Bet foi a principal patrocinadora de dois dos maiores eventos realizados pela prefeitura: o Massayó Verão e o São João Maceió. Estes eventos custaram mais de R$ 50 milhões aos cofres públicos, com R$ 30 milhões destinados apenas às atrações artísticas.
O cantor Gusttavo Lima, embaixador da Vai de Bet, recebeu um cachê recorde de R$ 1,2 milhão por duas horas de show durante o São João Massayó. Durante sua apresentação, Lima promoveu ativamente a marca, inclusive operando uma roleta da empresa no palco.
O próprio prefeito JHC participou diretamente na promoção da marca, subindo ao palco durante os eventos patrocinados pela Vai de Bet. Contudo, até o momento, a prefeitura não publicou contratos ou prestações de contas relacionados a este patrocínio. O Portal da Transparência de Maceió também não registra pagamentos envolvendo a empresa de apostas.
A situação se agravou com a deflagração da Operação “Integration” pelas polícias civis da Paraíba e de Pernambuco. A Vai de Bet está sob suspeita de fraudes estimadas em R$ 2,1 bilhões, resultando em ordens judiciais para o sequestro de bens e bloqueio de ativos financeiros.
Especialistas em administração pública expressam preocupação. “A falta de transparência nessa parceria é alarmante,” afirma a Dra. Maria Silva, professora de Direito Administrativo da Universidade Federal de Alagoas. “É fundamental que o prefeito JHC esclareça os termos desse patrocínio e como foi conduzido o processo de seleção da empresa.”
A Prefeitura de Maceió e o gabinete de JHC foram procurados para comentar, mas não responderam até o fechamento desta matéria. A reportagem também tentou contato com representantes da Vai de Bet, sem sucesso.
O caso levanta questões cruciais sobre a gestão de JHC, a relação entre poder público e empresas privadas, especialmente no setor de apostas, e promete ser um tema central nos debates políticos e jurídicos em Maceió nos próximos meses.