BRASIL – STF analisa se testemunhas de Jeová podem recusar transfusão de sangue pelo SUS: placar do julgamento está 5 a 0

O Supremo Tribunal Federal (STF) deu início nesta quinta-feira (19) a um julgamento que pode ter grandes repercussões no sistema de saúde brasileiro. A discussão em pauta diz respeito à possibilidade do grupo religioso de testemunhas de Jeová recusar transfusões de sangue em tratamentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), bem como a decisão sobre se o Estado deve custear tratamentos alternativos que não envolvam transfusões.

Os ministros do STF começaram a votação dos recursos que levaram à discussão deste tema sensível. Um dos casos em questão refere-se a uma mulher que se negou a permitir uma transfusão de sangue durante uma cirurgia cardíaca na Santa Casa de Misericórdia de Maceió, o que levou o hospital a não realizar o procedimento. Em outro caso, um homem pertencente às testemunhas de Jeová solicitou que o SUS custeasse uma cirurgia ortopédica sem transfusão de sangue, além de cobrir os gastos do tratamento.

O placar atual da votação está 5 a 0 a favor da posição dos religiosos, faltando ainda seis votos a serem contabilizados. O ministro Luís Roberto Barroso, relator de uma das ações, argumentou que o direito à recusa de transfusão e ao tratamento alternativo no SUS está embasado nos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da liberdade religiosa. Ele destacou que os pacientes testemunhas de Jeová têm direito aos tratamentos alternativos já disponíveis no SUS, mesmo que não estejam disponíveis em sua região de residência.

O ministro Flávio Dino, por sua vez, ressaltou a importância da laicidade do Estado, afirmando que esta não se opõe à religião, mas sim protege a liberdade religiosa. Ele alertou para os perigos de tentativas de imposição de visões teocráticas por meio das instituições jurídicas e do discurso político.

Os ministros André Mendonça, Cristiano Zanin e Gilmar Mendes acompanharam o voto de Barroso. O julgamento será retomado na próxima quarta-feira (25), demonstrando a complexidade e a importância do tema em debate perante a mais alta corte do país.

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